Sabiam que o Banco de Portugal comparticipa a ( eu diria, paga ) 100%
as despesas de saúde dos seus funcionários? Quem paga isso? Somos nós os
contribuintes, enquanto que a ADSE paga só aquilo que nós sabemos. Eu
não sei. Só sei que o meu sistema de saúde é o SNS . Discordo
completamente que haja vários sistemas de saúde.
É por isso que
funcionários do Banco de Portugal fazem implantes dentários e os "outros
implantes" que estão agora na moda às funcionárias e às mulheres dos
funcionários.
Como é isto possível?
E nós, que somos os pagantes, ficamos calados???,,,,
Neste país há investigadores universitários que estudam todos os dias
até altas horas da noite, que trabalham continuamente sem limites de
horários, sem fins-de-semana e sem feriados. Há professores
universitários que dão o seu melhor, que prepararam cuidadosamente as
suas aulas pensando no futuro dos seus alunos, que dão o melhor e sem
limites pelas suas universidades. Há policias que ganham miseravelmente,
que não recebem horas extraordinárias, que pagam as fardas do seu bolso
e para sobreviverem têm de prestar os serviços remunerados.
Toda esta gente e muita mais que poderia ser referida foi eleita como a
culpada da crise, denunciada como gorduras do Estado, tratada como
inutilidade social, acusada de ganhar mais do que a média, desprezada
por supostamente não ser necessária para a direita se manter no poder.
Mas há uns senhores neste país que ganham muito mais do que a média dos
funcionários públicos, que têm subsídios extras para tudo e mais alguma
coisa, que cumprem com incompetência as suas funções, que recebem
pensões chorudas, que vivem do dinheiro dos contribuintes como todo o
Estado, mas que não foram alvo de nenhuma das medidas de austeridade que
até hoje foram aplicadas aos funcionários públicos. São os meninos e
meninas do BdP.
Ainda as pessoas mal estavam refeitas do
anúncio da pilhagem aos seus rendimentos e há um tal Costa, governador
do Banco de Portugal, vinha defender que as medidas deste OE deveriam
prolongar-se para além de 2014. Isto é, o senhor defende que os cortes
se tornem definitivos. No mesmo dia a comunicação social informava que
as medidas de austeridade aplicadas aos funcionários públicos não seriam
aplicadas aos funcionários do banco de Portugal, o argumento para tal
situação era o da independência do banco.
Mas se o Governo não
pode nem deve interferir na gestão do BdP e o senhor Costa se comporta
como um cruzamento entre a ave agoirenta e o Medina Carreira o mínimo
que se espera é que ele dê o exemplo pois nada o impede de aplicar aos
seus (incluindo os pensionistas do BdP) a austeridade que exige aos
outros. No caso do BdP o senhor Costa não só estaria a adaptar as
mordomias dos funcionários públicos e pensionistas do BdP à realidade do
país como estaria a dar um duplo exemplo, um exemplo porque aplica aos
seus a austeridade que exige aos outros e um exemplo porque chama os
seus a responder pela incompetência demonstrada enquanto entidade
reguladora de bancos como o BPN ou o BPP.
Porque razão um
professor catedrático de finanças ganha menos do que um quadro do BdP,
não recebe subsídio para livros como este e na hora da austeridade perde
parte do vencimento e os subsídios enquanto o funcionário público do
BdP não corta nada e muito provavelmente ainda recebe um aumento?
E já que falamos no BdP que tanto se bate pela transparência das contas
públicas e do Estado enquanto o seu governador anda por aí armado em
santinha das finanças, porque razão os vencimentos e mordomias do BdP
não aparecem no seu site de forma a que sejam conhecidas pelos
contribuintes que as pagam? Todas as colocações, subidas de categoria e
remunerações dos funcionários públicos são divulgadas no Diário da
República mas o que se passa no BDP é segredo, muito provavelmente para
que o povo não saiba e assim manterem o esquema.
Ainda a
propósito de transparência seria interessante saber porque razão os
fundos de pensões da banca vão ser transferidos para o Estado e o do
Banco de Portugal fica de fora. O argumento da independência não pega, o
que nos faz recear que o fundo de pensões seja abastecido de formas
pouco aceitáveis para os portugueses. Seria interessante, por exemplo,
saber a que preço e em que condições uma boa parte do imobiliário que o
banco detinha por todo o país foi transferido para o fundo de pensões
dos seus dirigentes e funcionários.
É por estas e por outras
que o senhor Costa não tem autoridade moral para propor o mais pequeno
sacrifício seja a quem for e deveria abster-se de aparecer em público.
Este senhor só merece a resposta que lhe daria o saudoso Almirante
Pinheiro de Azevedo: «vá à bardamerda, snr. governador»!...
Retirado/copiado d'aqui: http://jumento.blogspot.pt/2011/10/va-bardamerda-senhor-governador.html