O povo de Quissange era refractário ao serviço de ganho, velhaco, desconfiado e muito propenso ao roubo.
Havia nesta região muitos bandos de salteadores que viviam a emboscar e a assaltar os viajantes, no «Bundianoi» e na «Alunga».
Estes casos eram frequentissimos em todas as epocas.
Estes assaltos veem desde antigos tempos, n'elles se tornou celebre o liame de Caparandanda, do quarto para o quinto periodo, filho do soba Culembe.
Caparandanda, moço de grande robustez física e de genio arrebatado, levava uma vida de ladrão á mão armada, feito chefe de salteadores.
Esperava as comitivas na sua passagem por Quissange e aassaltava-as, roubando-as, sendo o seu principal fito as vazilhas de aguardente que levavam.
De nada serviam as queixas do gentio e dos negociantes ao soba pai, nem as admoestações d'este.
Por fim, Caparandanda chegou ao ponto de se tornar um insubordinado e desobediente á autoridade paterna, chegando a ameaçar de morte o 'proprio pai.
Culembe, que era um bom soba, muita estimado peloo seu povo e por todo o povo de Catumbella, mandou dizer ao negociante Antonio Pinto dos Santos, dono do talho da Catumbella, e de quem era muito amigo, que em seu nome pedisse ao Governo a prisão de seu filho Caparandanda, afim de põr termo ás suas tropelias, promptificando-se ele, Culembe, a ajudar o Governo na prisão do filho.
O pedido do soba foi immediatamente atendido, organizando-se uma expedição composta por elementos militares e civis, e que ficou conhecida entre os indigenas por «Guerra do Caparandanda», efectuando-se a sua prisão em Quissaange, e deportando-se. para fora da província o celebre salteador.
Texto de Augusto Bastos, Maio de 1909
Texto de Augusto Bastos, Maio de 1909