segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Arcindo Madeira


Como turistas de sofá que somos agora, viajemos em segurança por estas paisagens deslumbrantes, dos inselberg da portuguesíssima Monsanto aos 3.454 metros de altura do Jungfrau, na Suíça, pelos olhos de um verdadeiro globetrotter do pincel e pioneiro dos nossos contemporâneos urban sketchers

Arcindo Madeira (Coimbra 1915-Brasil 2002) foi uma glória das revistas infanto-juvenis dos anos trinta sobretudo no O Papagaio, onde refinou o seu grafismo desenhado, tornando-o inconfundível. 

Emigrado no Brasil desde 1941, onde continuou a trabalhar profusamente em revistas e jornais,  Arcindo Madeira, veio à Europa no Verão de 1958, deixando no jornal O Primeiro de Janeiro desenhos das suas viagens pelo país e pela Europa. 

Voltaria a Portugal dois anos depois e daqui iniciou nova e longa excursão. As duas séries de crónicas gráficas percorrem vários países do continente nas páginas do diário portuense, a partir de 16 de setembro de 1958, publicadas com o título comum de «Canhenho Dum Artista» e não são mais do que o resultado da observação directa nas suas curtas estadias em paisagens de montanha,  sempre em contraponto com as arquitecturas, trajes e costumes das populações autóctones. 

Longe da exuberância da sua produção gráfica para crianças, Arcindo compõe mosaicos de ilustração descritiva, com a mão de profissional batido, confirmada no realismo estilizado, disfarçado de apontamento rápido, e nas múltiplas combinações de escala e composição que nos oferece em cada pedaço deste diário gráfico.

A preferência andarilha de Arcindo por países e localidades com altitudes elevadas, explica-se pelo seu hobby preferido, o alpinismo, de que foi instrutor e praticante durante décadas.