A Força-Tarefa Financeira - uma agência intergovernamental responsável por rastrear recursos provenientes do crime - afirma que a importância económica cada vez maior do futebol transformou o desporto no alvo preferencial de quadrilhas, para lavagem de dinheiro.
"O fluxo de muito dinheiro no desporto tem efeitos positivos, mas também há consequências negativas", diz o documento. "Há um risco mais alto de fraude e corrupção, dada a quantidade de recursos em jogo."
De acordo com a investigação, criminosos na procura da "legitimação" dos seus recursos ilícitos cada vez mais, compram clubes e financiam a transferência de jogadores e actividades ligadas ao sector do jogo das apostas.
A força-tarefa conclui que o futebol é especialmente atraente para quadrilhas criminosas porque a estrutura do sector facilita a entrada de recém-chegados. Segundo a investigação, há muitos envolvidos, diversos órgãos legais e muitas vezes falta profissionalismo na administração dos clubes.
Outra característica que, de acordo com os investigadores, facilita a exploração do sector por criminosos é a enorme necessidade financeira dos clubes, sempre envolvidos em transferências milionárias, nas quais a origem e o destino do dinheiro investido é pouco conhecida ou mesmo desconhecida.
Por último, o documento aponta características "culturais" do futebol, como a "vulnerabilidade" de alguns jogadores, principalmente os mais novos, a dificuldade de "perder a ilusão da inocência do desporto" com investigações profundas, e a "oportunidade de adquirir posições sociais na comunidade" de forma a ganhar credibilidade.
Além das práticas já citadas, o relatório também levanta casos em que o futebol é usado para levantar dinheiro ilicitamente, com tráfico de pessoas, corrupção, tráfico de drogas e evasão fiscal.
Os investigadores descobriram que várias técnicas de lavagem de dinheiro são usadas, como pagamento em dinheiro vivo, uso de paraísos fiscais e de terceiros e transferências internacionais. Além disso, as operações ilícitas estariam ligadas a outras redes de lavagem de dinheiro, através do sector de segurança, imóveis e apostas on line.
Nas suas conclusões, a força-tarefa sugere que os riscos de infiltração de criminosos na indústria futebolística sejam mais divulgados entre os profissionais da área e que mudanças que levem a uma maior transparência sejam implementadas no sistema de transferência de jogadores.
O relatório também recomenda uma maior colaboração intergovernamental para detectar abusos e práticas ilícitas, além de sugerir que as regulamentações da indústria do futebol sejam mais unificadas, para reduzir as diferenças em regras que atraem criminosos.
A Força-Tarefa Financeira afirma ainda que a prática de apostas pela internet no desporto merece uma investigação em separado, para que sejam levantadas possíveis irregularidades.
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