segunda-feira, 22 de abril de 2013

O mito do Colestrol - Cirurgião cardíaco admite enorme erro!

Nós os médicos com todos os nossos treinos, conhecimento e autoridade, muitas vezes adquirimos um ego bastante grande, que tende a tornar difícil admitirmos que estamos errados. 

Então, aqui está. Admito estar errado... Como cirurgião com uma experiência de 25 anos, tendo realizado mais de 5.000 cirurgias de coração aberto, hoje é a minha vez de corrigir o erro de muitos médicos, com este facto científico. 

Eu treinei muitos anos com outros médicos proeminentes, tidos como " opinion makers". Bombardeado com literatura científica, participando sempre em seminários de formação, com formuladores de opinião que insistiam que a doença cardíaca resulta do simples facto de haver níveis elevados de colesterol no sangue. A terapêutica aceite era a prescrição de medicamentos para baixar o colesterol e uma dieta severa restringido a ingestão de gordura. Por fim, insistindo que baixar o colesterol é baixar as doenças cardíacas. Qualquer recomendação diferente era considerada uma heresia e poderia possivelmente resultar em erros médicos. 

Ora, isto não está a funcionar! Estas recomendações não são cientificamente ou moralmente defensáveis. 

Assimilar a descoberta de há alguns anos, de que a inflamação na parede da artéria é a verdadeira causa da doença cardíaca é lenta, levando a uma mudança de paradigma na forma como as doenças cardíacas e outras doenças crónicas serão tratadas. 

As recomendações dietéticas estabelecidas há muito tempo têm criado uma epidemia de obesidade e diabetes, cujas consequências tornam pequena qualquer peste histórica, em termos de mortalidade, sofrimento humano e terríveis consequências económicas. Apesar do facto de 25% da população tomar medicamentos caros à base de estatina e apesar do facto de termos reduzido o teor de gordura da nossa dieta, vão morrer este ano mais americanos de doença cardíaca do que nunca. As estatísticas do American Heart Association, mostram que 75 milhões dos americanos sofrem, actualmente, de doenças cardíacas, 20 milhões têm diabetes e 57 milhões têm pré-diabetes. Estes transtornos estão a afectar pessoas cada vez mais jovens e em maior número todos os anos. 

Dito simplesmente: sem a presença de inflamação no corpo, não há nada que faça com que o colesterol se acumule nas paredes dos vasos sanguíneos e cause doenças cardíacas e derrames. Sem a inflamação, o colesterol movimenta-se livremente por todo o corpo como a natureza determina. É a inflamação que faz o colesterol ficar preso. A inflamação não é complicada - é simplesmente a defesa natural do corpo face a um invasor externo, tal como toxinas, bactérias ou vírus. O ciclo de inflamação é perfeito na forma como ela protege o corpo contra esses invasores virais e bacterianos. No entanto, se se expuser permanentemente o organismo à agressão por toxinas ou alimentos nocivos, os quais ele não foi projectado para processar, ocorre uma situação chamada inflamação crónica. 

A inflamação crónica é tão prejudicial quanto a inflamação aguda é benéfica. Que pessoa sensata se exporia repetida e voluntariamente a alimentos ou outras substâncias, conhecidas por causarem danos ao organismo? 

Bem, talvez os fumadores, mas pelo menos eles fizeram essa escolha conscientemente. O resto de nós simplesmente seguiu a dieta correntemente recomendada, baixa em gordura e rica em óleos poli-insaturados e hidratos de carbono, sem saber que estava causando danos repetidos aos vasos sanguíneos. Esta agressão repetida cria uma inflamação crónica que leva à doença cardíaca, diabetes, ataque cardíaco e obesidade. 

Deixem-me repetir isto. 

A lesão e a inflamação crónica nos nossos vasos sanguíneos é causada pela dieta de baixo teor de gordura recomendada durante anos pela medicina convencional. Quais são os maiores culpados da inflamação crónica? Simplesmente, a sobrecarga de carboidratos simples, altamente processados (açúcar, farinha branca e todos os produtos fabricados a partir deles) e o excesso de consumo de óleos ómega-6 (vegetais como soja, milho e girassol), que se encontram em muitos alimentos processados. 

Imaginem esfregar uma escova dura repetidamente sobre a pele macia até que ela fique muito vermelha e quase a sangrar. Façam isto várias vezes ao dia, todos os dias, durante cinco anos. Se fosse possível tolerar esta dolorosa escovagem, teríamos um sangramento, inchaço e infecção dessa área, que ficaria pior a cada agressão repetida. Esta é uma boa maneira de visualizar o processo inflamatório que pode estar a acontecer no seu corpo neste momento. Independentemente de onde ocorre o processo inflamatório, externamente ou internamente, é a mesma coisa. 

Eu olhei para dentro de milhares e milhares de artérias. Nas artérias doentes, parece que alguém pegou numa escova e esfregou repetidamente contra a parede vascular. Várias vezes por dia, todos os dias, os alimentos que comemos criam pequenas lesões resultando em mais lesões, fazendo com que o corpo responda de forma contínua e adequada, com a inflamação. Enquanto saboreamos um tentador donut, o nosso corpo responde de forma alarmante, como se chegasse um invasor estrangeiro declarando guerra. Alimentos carregados de açúcares e hidratos de carbono, simples ou processados, com óleos omega-6 para durarem mais nas prateleiras, foram a base da dieta americana durante seis décadas. Estes alimentos, lentamente, têm vindo a envenenar toda a gente. 

Como é que um simples donut cria uma cascata de inflamação fazendo-nos adoecer? Imagine que entorna melaço no seu teclado. Aí é possível visualizar o que ocorre dentro da célula. Quando consumimos hidratos de carbono simples, como o açúcar, o açúcar no sangue sobe rapidamente. Em resposta, o pâncreas segrega insulina, cuja principal finalidade é fazer com que o açúcar entre dentro da célula, onde é armazenado para energia. Se a célula estiver cheia e não precisar de glicose, o excesso é rejeitado para evitar que prejudique o trabalho. Quando as células cheias rejeitam a glicose extra, o açúcar do sangue sobe, produzindo mais insulina e a glicose converte-se em gordura armazenada. 

O que é que isto tudo tem a ver com a inflamação? 

O açúcar no sangue é controlado numa faixa muito estreita. Moléculas a mais de açúcar ligam-se a uma variedade de proteínas, que por sua vez lesam as paredes dos vasos sanguíneos. Estas repetidas lesões às paredes dos vasos sanguíneos desencadeiam a inflamação. Ao elevar o nível de açúcar no sangue várias vezes por dia, todos os dias, é exactamente como se esfregasse uma lixa no interior dos delicados vasos sanguíneos. Mesmo que não sejamos capazes de ver isto, pode ter a certeza de que está acontecendo. Eu vi, em mais de 5.000 pacientes que operei nos meus últimos 25 anos, que partilhavam um denominador comum - inflamação nas artérias. 

Voltemos ao donut. Esse apetitoso com aparência inocente, não só contém açúcares como também é frito num dos muitos óleos ómega-6, como o de soja. As batatas fritas e o peixe frito são embebidos em óleo de soja, os alimentos processados são fabricados com óleos ómega-6, para alongar a sua vida útil. Enquanto o ómega-6 é essencial - e faz parte da membrana de cada célula, controlando o que entra e sai dela – ele deve estar em equilíbrio correcto com o ómega-3. Com o desequilíbrio provocado pelo consumo excessivo de ómega-6, a membrana celular passa a produzir substâncias químicas chamadas citoquinas, que causam inflamação. Actualmente, a dieta habitual do americano tem produzido um extremo desequilíbrio dessas duas gorduras (ómega-3 e ómega-6). A relação de zonas de desequilíbrio varia de 15:1 para um valor tão alto como 30:1, a favor dos ómega-6. 

Isto representa uma quantidade tremenda de citoquinas pró-inflamatórias. 
Na alimentação actual, o ideal e saudável seria uma proporção de 3:1. 

Para piorar a situação, o excesso de peso que você transporta por comer esses alimentos cria uma sobrecarga de gordura nas células que produzem grandes quantidades de substâncias químicas pró-inflamatórias, que se somam às lesões causadas pelo açúcar elevado no sangue. O processo, que começou com um donut, transforma-se num ciclo vicioso que ao longo do tempo cria a doença cardíaca, hipertensão arterial, diabetes e, finalmente, a doença de Alzheimer, visto que o processo inflamatório continua inabalável. Não há como escapar ao facto de que, quanto mais alimentos processados e preparados industrialmente consumirmos, mais caminharemos para a inflamação, pouco a pouco, dia a dia. 

O corpo humano não consegue processar, nem foi concebido para consumir os alimentos embalados, com açúcares e ensopados em óleos ómega-6. Há apenas uma resposta para acalmar a inflamação. É voltar aos alimentos mais próximos do seu estado natural. Para construir músculos, comer mais proteínas. 

Escolha hidratos de carbono muito complexos, como frutas e vegetais coloridos. 

Reduzir ou eliminar gorduras ómega-6, causadoras de inflamação, como o óleo de milho e de soja e os alimentos processados, que são feitos a partir deles. Uma colher de sopa de óleo de milho contém 7,280 mg de ómega-6, o de soja contém 6,940 mg. Em vez disso, use azeite ou manteiga de animal alimentado com pastagem. As gorduras animais contêm menos de 20% de ómega-6 e são muito menos propensas a causar inflamação do que os óleos poli-insaturados rotulados como supostamente saudáveis. 

Esqueça a "ciência" que nos tem martelado a cabeça durante as últimas décadas. A ciência que diz que a gordura saturada, por si só, causa doença cardíaca é inexistente. A ciência que diz que a gordura saturada aumenta o colesterol no sangue também é muito fraca. Como agora sabemos que o colesterol não é a causa da doença cardíaca, a preocupação com a gordura saturada é ainda mais absurda hoje. 

A “teoria do colesterol” levou à nenhuma gordura, recomendações de baixo teor de gordura, que criaram os alimentos que agora estão causando uma epidemia de inflamação. 

A medicina tradicional cometeu um erro terrível quando aconselhou as pessoas a evitar a gordura saturada em favor de alimentos ricos em gorduras ómega-6. 

Agora, temos uma epidemia de inflamação. 

Este estudo tem sido apoiado por varias "Escolas Médicas"europeias ! 
O colesterol parece deixar de ser o "papão"- e passa a ser considerado uma rendosa criação da Industria Farmaceutica ! 

As normas alimentares aqui recomendadas estão a ter actualidade crescente ! 
Segue-as ..! 
O colesterol não é aquele inimigo que nos têm feito crer. 
Por Dr. Lundell Dwight, MD

sábado, 20 de abril de 2013

O inocente - por João César das Neves

Portugal passa por um momento terrível, mas isso não o deve impedir de admirar esteticamente uma obra de arte excepcional. Ora o regresso de José Sócrates é um espantoso feito de técnica política, do mais alto nível mundial.

A personagem é notável. Verve, atitude, táctica são excelentes. Para lá das qualidades como tribuno e estratega, aquilo que o distingue dos demais e o coloca acima da sua geração é a total ausência de escrúpulos. Não existe a menor contemplação pela realidade dos factos, interesse nacional, simples decoro pessoal. Existe apenas um projecto de poder, e tudo lhe é sacrificado. Há muitas décadas que não tínhamos um político assim, e já nos esquecemos do estilo. Por isso tanto nos admira a quase inacreditável capacidade de imaginação e manipulação com que consegue sair de uma posição que seria desesperada para qualquer outro. Além disso é terrivelmente eficaz e convence mesmo. Digno de antologia!

Apresenta-se como totalmente inocente dos males que afligem o País. Foi primeiro-ministro durante mais de seis anos mas é inimputável pelo desastre que deflagrou nos últimos meses do seu mandato. A culpa vem de uma "crise das dívidas soberanas", que lhe é naturalmente alheia. E claro também de um terrível bando de malfeitores, onde se inclui o actual Governo, bancos, União Europeia e FMI, que pretendem, por razões não esclarecidas, destruir Portugal. Ele, pelo contrário, sempre esteve do lado do progresso e alegria, que infelizmente não se concretizaram.

Não é claro se mente descaradamente ou acredita mesmo na fábula, sofrendo de delírio. Em qualquer caso, todos os dados apontam para o facto de José Sócrates ser, não imoral, mas completamente amoral. Não se lhe parecem colocar quaisquer remorsos de consciência. Por isso é tão convincente. A nossa actual democracia nunca teve, em posições cimeiras, pessoas deste calibre. Assim Sócrates destaca-se flagrantemente.

É preciso dizer que ele ainda não atingiu os níveis do contemporâneo mestre absoluto da técnica, Silvio Berlusconi. Nem sequer é evidente que o português alguma vez consiga os feitos do italiano. No entanto, cabe-lhe um honroso segundo lugar. Esta atribuição não é forçada porque a relação entre ambos é evidente. Tirando eles, todos os líderes que estavam no poder quando bateu a crise, alguns deles de reconhecidas qualidades, caíram fragorosamente: Geir Haarde na Islândia, Kostas Karamanlis e George Papandreou na Grécia, José Luis Zapatero em Espanha, Brian Cowen na Irlanda, Yves Leterme na Bélgica, Nicolas Sarkozy em França, Gordon Brown no Reino Unido, George Bush nos EUA, etc. Todos forçados a sair de cena sem remissão. Deles, apenas Berlusconi e Sócrates mantêm esperanças de regresso, estando bastante avançados no processo. O estilo de ambos, apesar das diferenças, tem paralelos evidentes. Mas temos de admitir que o magnata transalpino, que saiu depois e regressou mais cedo do que o nosso engenheiro, tem evidente primazia.

Admirando o engenho e a arte, não podemos esquecer o muito que eles devem aos tempos que vivemos. É preciso recuar às primeiras décadas do século passado para encontrar casos semelhantes, porque nessa altura o mundo enfrentava dilemas e conflitos próximos dos actuais. O rancor das acusações, o ressurgimento da retórica antidemocrática, os contínuos apelos à Grande Depressão aproximam as duas épocas. Talvez tenhamos aprendido a evitar o pior dessa evolução, mas não admira o ressurjimento do mesmo tipo de animais políticos.

A única coisa que pode fazer a diferença é a capacidade dos eleitorados em resistir ao engano. O caso italiano assusta muito, porque repete traços da antiga trajectória, embora com diferenças significativas e ainda sem Mussolinis no horizonte. Portugal começou agora o seu processo. Veremos até que ponto a raiva pelos sacrifícios, junto com o ilusionismo, conseguirão fazer que o grande beneficiário da crise venha a ser aquele que indiscutivelmente foi o seu principal responsável. Isso seria uma obra de arte incomparável.
 
In DN 

Belmiro de Azevedo, o comunista disfarçado

O texto abaixo relata de como um simples agente técnico no Banco Pinto de Magalhães se torna um dos homens mais ricos de Portugal. A maioria das pessoas pensa que a fortuna de Belmiro de Azevedo veio de heranças ou coisa no género.

Segundo o relato Belmiro de Azevedo fora militante da UDP (União Democratica Popular)  e e era uma especie de coordenador da CT (comissão de trabalhadores) que controlava o banco.

Foi assim que muitos espertalhões no calor do verão quente de 74/75 se tornaram donos e senhores de muitas empresas sem mexerem uma palha e enquanto os trabalhadores andavam na luta nas ruas a defender os seus direitos, os mesmos manobravam na sombra e por isso é que o 25 de Abril que foi uma esperança para o povo e para os trabalhadores deu no que deu e chegamos ao último reduto dos tesos.

Quando, em 14 de Março de 1975, o governo de Vasco Gonçalves nacionalizou a banca com o apoio de todos os partidos que nele participavam (PS, PPD e PCP), todo o património dos bancos passou a propriedade pública. 

O Banco Pinto de Magalhães (BPM) detinha a SONAE, a única produtora de termolaminados, material muito usado na indústria de móveis e como revestimento na construção civil. 

Dada a sua posição monopolista, a SONAE constituía a verdadeira tesouraria do BPM, pois as encomendas eram pagas a pronto e, por vezes, entregues 60, 90 e até 180 dias depois. Belmiro de Azevedo trabalhava lá como agente técnico (agora engenheiro técnico) e, nessa altura, vogava nas águas da UDP. 

Em plenário, pôs os trabalhadores em greve com a reclamação de a propriedade da empresa reverter a favor destes. A União dos Sindicatos do Porto e a Comissão Sindical do BPM (ainda não havia CTs na banca) procuraram intervir junto dos trabalhadores alertando-os para a situação política delicada e para a necessidade de se garantir o fornecimento dos termolaminados às actividades produtoras. 

Eram recebidas por Belmiro que se intitulava “chefe da comissão de trabalhadores”, mas a greve só parou mais de uma semana depois quando o governo tomou a decisão de distribuir as acções da SONAE aos trabalhadores proporcionalmente à antiguidade de cada um.
 
É fácil imaginar o panorama. 

A bolsa estava encerrada e o pessoal da SONAE detinha uns papéis que, de tão feios, não serviam sequer para forrar as paredes de casa… Meses depois, aparece um salvador na figura do chefe da CT que se dispõe a trocar por dinheiro aqueles horrorosos papéis.
 
Assim se torna Belmiro de Azevedo dono da SONAE. 

E leva a mesma técnica de tesouraria para a rede de supermercados Continente depois criada onde recebe a pronto e paga a 90, 120 e 180 dias…
 
Há meia dúzia de anos, no edifício da Alfândega do Porto, tive oportunidade de intervir num daqueles debates promovidos pelo Rui Rio com antigos primeiros-ministros e fiz este relato. 

Vasco Gonçalves não tinha ideia desta decisão do seu governo, mas não a refutou, claro. 

Com o salão pleno de gente e de jornalistas, nenhum órgão da comunicação social noticiou a minha intervenção.
 
Este relato foi-me feito por colegas do então BPM entre eles um membro da comissão sindical (Manuel Pires Duque) que por várias vezes se deslocou na altura à SONAE para falar aos trabalhadores. Enviei-o para os jornais e, salvo o já extinto “Tal & Qual”, nenhum o publicou…

Gaspar Martins, bancário reformado, ex-deputado