terça-feira, 19 de setembro de 2023

O que é a Nova Ordem Mundial ?

O Termo New World Order (NWO) tem sido utilizado por muitos políticos através dos tempos, e é o termo genérico utilizado para nos referimos à conspiração global que está a ser orquestrada por indivíduos extremamente poderosos e influentes, geneticamente relacionados (pelo menos nos níveis mais altos) que inclui algumas das pessoas mais ricas do mundo, líderes políticos de topo e elite das corporações assim também como os membros da chamada “família real europeia” (dominada pela coroa Britânica) e a sua meta é criar um governo fascista mundial, acabando com as fronteiras nacionais e regionais e controlar tudo e todos. 
Leiam o que disse o banqueiro Sionista, Paul Warburg: 
"Teremos um governo mundial quer queiram quer não. A única questão é se esse governo será conseguido por conquista ou com consentimento. (17 de Fevereiro de 1950, tal como foi testemunhado no Senado Americano). 
A intenção deles é ter total e completo controle sobre qualquer ser humano existente no planeta e reduzir dramaticamente a população mundial em 2/3. Enquanto que o nome “Nova Ordem Mundial” é o termo mais frequentemente utilizado para nos referirmos vagamente a alguém envolvido nesta conspiração, o estudo de exactamente quem faz parte de este grupo é complexo e intrigante.

Em 1992, o Dr. John Coleman publicou o livro Conspirators Hierarchy: The Story of the Committee of 300 (Hierarquia dos Conspiradores: A História do Comité dos 300). Com uma boa bolsa de estudo e uma pesquisa meticulosa, Dr Coleman identifica os jogadores e cuidadosamente demonstra os planos da Nova Ordem Mundial para um domínio e controlo mundial. Na página 161 do livro Conspirators Hierarchy, Dr Coleman sumariza com precisão as intenções e propósitos dos Comité dos 300:

“Um Governo Mundial e um sistema único monetário, numa permanente hierarquia sem eleições que se auto nomeiam entre si na forma de um sistema feudal como era feito na Idade Média. Nesta entidade de “Um Mundo”, a população estará limitada por restrições no número de crianças por família, doenças, guerras, fome, até que 1 bilião de pessoas que são inúteis para a classe administradora, em áreas que serão claramente e estritamente definidas, sejam o total da população mundial.

Não existirá classe mídia, apenas governantes e escravos. Todas as leis serão uniformes de acordo com um sistema legal de tribunais mundiais que praticam o mesmo código legal unificado, reforçados por uma força policial e militar para impor as leis nos países formados onde não existirão fronteiras. O sistema estará na base dum estado de bem-estar, aqueles que forem obedientes e subservientes para o Governo serão recompensados com os meios para sobreviver; os rebeldes irão simplesmente morrer a fome ou serão considerados fora-da-lei e serão um alvo para qualquer pessoa que os queira matar. Possuir armas de fogo ou qualquer tipo de arma serão proibidas entre o povo.

Porquê que a conspiração é desconhecida ?

A complexa rede enganosa que rodeia os indivíduos e organizações envolvidas nesta conspiração fazem “limpezas cerebrais”, mesmo aos mais astutos entre nós. Muitas pessoas reagem com cepticismo e não acreditam, desconhecendo que foram condicionados a reagir com cepticismo por influência de instituições e mass-media. 

O autor do livro “The Top 13 Illuminati Bloodlines” (As 13 grandes linhagens dos Illuminati) diz que a maioria das pessoas têm barreiras mentais que impedem o cérebro de fazer uma examinação crítica a certos tópicos sensíveis. As “barreiras mentais” são um termo usado na CIA para um tipo de resposta condicionada que bloqueia o pensamento de uma pessoa e acaba com ele. Por exemplo, à menção da palavra “conspiração”, muitas pessoas reagem como se se tratasse de algo inventado por alguém saído dum hospital psiquiátrico, não querem sequer ouvir falar porque acham invenção, e é essa resposta que os Illuminati esperam que tenhamos quando ouvimos falar de conspirações, para continuarmos a ser ignorantes em relação ao que querem fazer connosco.

O que muitas pessoas acreditam que seja a “Opinião Pública” está na realidade a ser cuidadosamente manipulada por propaganda encriptada, feita para incitar uma resposta comportamental desejada pelos manipuladores. As votações de opinião pública são feitas com a intenção de calibrar a aceitação do público aos programas planeados da Nova Ordem Mundial. Uma exibição forte nas votações diz-lhes que a programação "está a ser feita", enquanto que uma exibição pobre diz aos manipuladores da Nova Ordem Mundial que têm que refazer ou modificar a programação até que a resposta desejada seja conseguida.

A NWO Modus Operandi

Os conspiradores globais da Nova Ordem Mundial manifestam os seus planos através da manipulação das emoções humanas, especialmente medo. Nos séculos passados, eles têm repetidamente utilizado a técnica de propaganda que o pesquisador e autor David Icke tem caracterizado no seu novo livro, The Biggest Secret, Problema, Reacção, e Solução.

A técnica e a seguinte: estrategistas da Nova ordem Mundial criam o Problema - financiando, montando, e treinando um grupo de oposição para estimular o conflito num poder politico estabelecido (pais soberano, região, continente, etc...). Em décadas recentes, os chamados grupos opositores são normalmente identificados nos media como 'freedom fighters' ou 'libertadores'.

Ao mesmo tempo, os líderes do poder politico onde o conflito está a acontecer e demonizado, e por isso, referido como um “novo Hitler” (faça a sua escolha: Saddam Hussein, Milosevic, Kadaffi, etc.). Os 'freedom fighters' não e de todo anormal montarem a partir de elementos locais criminosos(trafico de drogas). No espírito de maldade, os mesmos estrategistas da NWO estão igualmente envolvidos em operações de armar e dar apoio a líderes de países estabelecidos (a NWO lucra sempre com qualquer conflito armado, emprestando dinheiro, armando, e apoiando as partes envolvidas no conflito).O conflito é elevado para o palco mundial dos media com grandes quantidades de fotos e vídeos. Reportagens de atrocidades horríficas e sangrentas sofridas por civis inocentes. Assim e pedida ajuda "Algo tem de ser feito!" e ai esta a desejada reacção.

Os fantoches da NWO proporcionam a Solução enviando as tropas da UN 'Peace Keepers' (Bósnia) ou a UN 'Coalition Force' (guerra do Golfo) ou bombardeiros da NATO e depois tropas no solo (Kosovo), ou por causa de armas de destruição maciça, Que claro nunca serão encontradas. Uma vez instalados os soldados de paz, os 'peace keepers' nunca mais saem. A ideia é ter tropas controladas pela NWO em todos os países grandes e em áreas estratégicas onde resistência a NWO possa ser grande.

O que é a Nova Ordem Mundial ?

A parte corporativa da Nova Ordem Mundial é dominada pelos banqueiros internacionais, barões do petróleo e carteis farmacêuticos, também como outras corporações multinacionais. A família real inglesa, principalmente a Rainha Elizabeth II e a casa de Windsor, (que são na realidade, de facto, descendentes da realeza Europeia alemã – a família Saxe-Coburg-Gotha – mudou o nome para Windsor em 1914), são jogadores muito altos nos poucos governantes que controlam o topo da NWO. O centro das decisões e em Londres (especialmente a cidade de Londres), Basel Suiça, e Bruxelas (Sede da NATO).

As Nações Unidas, juntamente com todas as agências a trabalhar para a ONU, tais como Organização Mundial de Saúde, são jogadores a tempo inteiro no esquema. E a NATO é uma ferramenta militar da NWO.

Os Lideres dos maiores países industrializados como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Itália, Austrália, Nova Zelândia, etc. (membros do "G7/G8") estão activos e plenamente cooperativos nesta conspiração. Neste século, o grau de controlo exercido pela NWO tem avançado até o ponto que apenas certos indivíduos escolhidos a dedo, que são seleccionados e manipulados tem a possibilidade de se tornarem o primeiro-ministro ou presidente de países como Inglaterra, Alemanha, ou os Estados Unidos. Não interessou se ganhava Bill Clinton ou Bob Dole nas presidenciais em 1996, os resultados teriam sido os mesmos. Ambos estão a lutar na mesma equipa. Qualquer um que não jogue na equipa e retirado: Alguém se lembra do Presidente Kennedy, Ali Bhutto (Paquistão) e Aldo Moro (Italia). Mais recentemente, Admiras Borda e William Colby foram também assassinados porque ou não queriam fazer parte da conspiração para destruir a América, não colaboravam, ou tentavam expor os planos da NWO.

O papel da Nova Ordem Mundial em moldar a história

Maior parte das grandes guerras, golpes de estado, e depleções/redenções econômicas dos últimos 100 anos (e antes) foram cuidadosamente planeadas e iniciadas pelas manipulações dessas elites. Elas incluem a guerra Espanha – América (1898), primeira guerra mundial e a segunda guerra mundial; a grande depressão; a revolução Bolshevik de 1917; o aparecimento da Alemanha Nazi; a guerra coreana; a guerra do Vietname; 1989-91 "queda" do comunismo Soviético; 1991 guerra do golfo; guerra no Kosovo. Até a revolução Francesa foi orquestrada pelos elementos da Nova Ordem Mundial.

[...] A aquisição e consolidação de ainda maior riqueza, recursos naturais, poder politico total, e controlo sobre outros são as forças motivadoras que fazem as decisões dos lideres da NWO. O sofrimento humano e o número de vidas inocentes não são um problema para estes indivíduos. Um livro esclarecedor e vividamente recomendado, que serve de complemento a esta informação: Pike, Theodore Winston. 1986. Israel, Our Duty, Our Dilemma. Big Sky Press, EUA, 345 pp

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A CIA avisou Kennedy: deixe o Ultramar português em paz!

Documentos históricos recentemente revelados pela agência norte-americana de informações provam que nem toda a gente nos Estados Unidos estava de acordo com a política africana de John Kennedy: a ajuda da Casa Branca aos movimentos terroristas no Ultramar português não evitou, afinal, que eles se aliassem à União Soviética e acabou por revelar-se trágica para a Metrópole e para as populações africanas.
“Portugal: de Império a país pequeno” é o título de um dos importantes documentos que a Central Intelligence Agency (CIA) disponibilizou há pouco, ao abrigo de um programa de transparência estatal. Memorandos e outros documentos da CIA cuja relevância para a segurança nacional do país já tenha caducado podem agora ser consultados – e nesse lote encontram-se peças históricas relevantes para se compreender a posição dos Estados Unidos face a Portugal durante o período das guerras em África (1961 a 1974) e no período revolucionário que se seguiu ao golpe de 25 de Abril de 1974.
A parte mais interessante destes documentos diz respeito à política africana dos Estados Unidos nos anos 60. O início do terrorismo em Angola, em 1961, coincidiu com o início do mandato presidencial de John Kennedy – e sabe-se como os Estados Unidos apoiaram então, diplomaticamente e com financiamentos, os primeiros movimentos terroristas angolanos, em especial a UPA, antecessora da FNLA, cujo chefe Holden Roberto recebia de Washington uma tença mensal de 900 dólares.
Contudo, ao incentivar as forças anti-portuguesas em África, Kennedy ignorou deliberadamente os muitos relatórios que a CIA elaborou sobre as nossas províncias ultramarinas portuguesas antes mesmo de o terrorismo começar a semear a violência na província angolana do Congo, em 14 de Março de 1961.
A tese de John Kennedy e dos seus assessores do Departamento Africano da Casa Branca é bem conhecida: os Estados Unidos deviam apoiar o movimento independentista africano para evitar que este procurasse auxílio no bloco comunista. A ingénua convicção de Kennedy, de que assim os emancipalistas se manteriam “pró-americanos”, levou-o a estabelecer alianças contra-natura com dirigentes esquerdistas africanos, como Kwame Nkrumah, do Gana, e a manter na ONU uma perigosa política de entendimento com o bloco afro-asiático, em prejuízo de velhos aliados ocidentais como Portugal e a França.
Num dos relatórios da CIA agora disponíveis, datado de 1959 e intitulado “As perspectivas para Portugal”, os agentes norte-americanos avisavam a Casa Branca de que “estas possessões ultramarinas, que são consideradas pelos portugueses como partes integrantes de Portugal e não como colónias, representam os últimos vestígios de um passado orgulhoso, mas os territórios africanos também representam a sua melhor esperança de prosperidade futura”. Assim, a CIA recomendava à administração dos EUA que não interferisse na política ultramarina portuguesa, prevendo que Portugal se manteria um aliado vital da NATO mesmo que tivesse de combater para preservar a sua integridade nacional, como de facto sucedeu.
Mas Kennedy ignorou propositadamente todas as recomendações que contrariassem a política anti-ocidental dos seus assessores de tendências esquerdistas. Os EUA apoiaram a UPA e todos os movimentos de pretensa “libertação das colónias”, entrando em choque com o Presidente do Conselho português, Oliveira Salazar, e dificultando tanto quanto puderam a vida a Portugal na defesa do Ultramar. Assassinado em Novembro de 1963, Kennedy não viveu o suficiente para conhecer os resultados trágicos da sua política africana.
Em 1964, os EUA reconheciam aquilo que Portugal há muito que afirmava. No documento “Perspectivas a curto prazo para os movimentos nacionalistas africanos em Angola e Moçambique”, os norte-americanos admitiam que de nada servira o seu apoio aos movimentos terroristas, pois estes “provavelmente vão procurar ajuda, incluindo armamento, da URSS e da China comunista”. Em Moçambique, a CIA considerava já que “as forças armadas portuguesas e os serviços de segurança parecem ter o controlo da situação”, notando que “o movimento nacionalista moçambicano é mais importante em termos políticos do que como ameaça física”. E a CIA concluía: “Portugal pode conseguir manter o controlo de Angola e Moçambique por muitos anos”.
Em 1970, novamente contrariando a visão da “guerra perdida”, os serviços de informações dos EUA consideravam claramente que o conflito se inclinava militarmente em favor dos portugueses e que era necessário manter à distância a influência comunista em África. Nesse ano, um memorando do secretário de Estado Henry Kissinger dirigido ao Presidente Nixon recomendava que os EUA aliviassem o embargo de venda de armas a Portugal, notando que “um ligeiro relaxamento da política de fornecimento de armamento seria um gesto útil que diria a [Marcello] Caetano, agora que as negociações sobre os Açores se aproximam, que nós falamos a sério quando discutimos uma posição menos doutrinária” [em relação à posição portuguesa em África].
Os EUA reconheceram mais uma vez que Portugal tinha o conflito controlado, e que era melhor “evitar pressões sobre os portugueses” devido à “forma benigna como muitos africanos vêem Portugal”. E em Janeiro de 1974, a poucos meses do golpe de 25 de Abril, já analisavam concretamente formas de lidar com a reacção europeia à venda aberta de armas ao Estado português para combater a insurreição, algo que revela que, para os americanos, a guerra em África não se encontrava perdida.
Num documento datado de 1971, a CIA dissecava a política económica de Marcello Caetano, sucessor de Salazar, e assinalava a larga autonomia que o Governo português tinha concedido às Províncias Ultramarinas em 1970  (um estatuto não muito diferente das actuais Regiões Autónomas), e que no entender dos norte-americanos se destinava a “gradualmente preparar Angola e Moçambique, tanto economicamente como politicamente, para serem Estados multirraciais mantendo as suas fortes ligações com Portugal”. Os EUA acreditavam que, em vez da “descolonização exemplar” abrilista, era possível que Portugal viesse a conseguir formar “uma Comunidade de Estados de Língua Portuguesa”, caso se mantivesse fiel ao seu percurso, uma solução que permitiria “acomodar a orientação europeia portuguesa”.
Após o 25 de Abril, já com a hecatombe à vista, os agentes da CIA defendiam a preservação da presença portuguesa em África. Num relatório de Setembro de 1974, os americanos receavam pela prosperidade tanto das Províncias Ultramarinas como do território metropolitano, notando que “as relações económicas entre a metrópole e os três territórios [africanos] tem sido justas e de um beneficio mútuo”, visto que “nenhum dos lados tinha uma particular vantagem”. O documento adianta que o balanço comercial positivo que Portugal tinha com África era compensado pelas “grandes transferências Estatais para as províncias — 180 milhões só em 1973”.
O Portugal pós-abrilino apresentava já todos os sintomas da tragédia que fulminaria o País entre Setembro de 1974 e Novembro de 1975: a bancarrota estava à vista, depois de “a Junta [de Salvação Nacional] ter prometido quase tudo: inflação reduzida, ordenados mais elevados, mais investimento, mais regulação ambiental, comércio liberalizado, reforma fiscal, descentralização económica, uma melhor segurança social, e mais” – um cardápio que antecipava o “provável fracasso” do Portugal “dos capitães”.

in, Jornal "O Diabo".

sábado, 2 de setembro de 2023

Estado pária dos EUA exposto

O crime de Imran Khan foi não ter aderido às sanções impostas pelos EUA à Rússia e não ter cortado relações com Moscovo


É difícil acreditar que o Estado pária dos EUA ainda seja considerado como um farol da democracia e dos direitos humanos por grande parte do público que sofreu lavagem cerebral no Ocidente colectivo. Com base em documentos oficiais do governo dos EUA que foram agora desclassificados, ficou provado que, só entre 1947 e 1989, o regime dos oligarcas de Washington levou a cabo 64 operações secretas de mudança de regime noutros Estados e derrubou governos que não lhe agradavam, quer fossem democraticamente eleitos ou não. Encoberto significa que não houve qualquer vestígio em relação aos EUA. Mesmo quando o primeiro-ministro Imran Khan, que era popular entre todos os sectores da população paquistanesa, foi derrubado por um voto de desconfiança no parlamento no início de abril de 2022, muitos observadores suspeitaram que os criminosos de Washington tinham mais uma vez mexido os cordelinhos, mas não havia provas.

No entanto, a prova que faltava apareceu agora, sem margem para dúvidas, sob a forma de um despacho do embaixador paquistanês em Washington. Nesse despacho, o embaixador relatava, após uma reunião com altos funcionários do Departamento de Estado dos EUA, como estes tinham exigido o derrube do primeiro-ministro Khan e perspectivavam maus tempos para o Paquistão se este não obedecesse.

O conteúdo do despacho foi, desde então, registado em todo o mundo, especialmente nos países do Sul Global, uma vez que constitui uma lição objetiva para a comunidade internacional sobre as mudanças de regime pelo regime dos EUA que continua a ter lugar em todo o mundo. Apenas os meios de comunicação social da comunidade ocidental e defensores da ordem baseada em regras ignoraram firmemente o envio do embaixador paquistanês. Por conseguinte, anexei a este artigo uma tradução alemã completa do despacho.

Derrubar o primeiro-ministro paquistanês democraticamente eleito, Imran Khan, tendo em conta a sua imensa popularidade entre todos os sectores do povo, não deve ter sido "uma tarefa fácil" para quem puxa os cordelinhos dos EUA e exigiu "esforços organizados", comentou o famoso professor norte-americano Jeffrey Sachs numa análise crítica da mudança de regime de Washington, agora comprovada e já não encoberta.

Neste contexto, é essencial referir o trabalho académico do professor Lindsay O'Rourke, que provou, com base em documentos oficiais, agora desclassificados, do governo dos EUA, que houve um total de 70 operações de mudança de regime dos EUA durante o período da Guerra Fria, entre 1947 e 1989, a maioria das quais envolveu países amigos e mesmo aliados dos EUA. Destas, 64 tiveram lugar de forma encoberta, o que significa que não houve qualquer vestígio discernível para os EUA. 64 operações secretas de mudança de regime dos EUA em pouco mais de 40 anos significa: uma mudança de regime aproximadamente de meio em meio ano.

No entanto, a investigação de O'Rourke demonstrou que uma operação de mudança de regime após outra se revelou, mais cedo ou mais tarde, um fracasso e, em muitos casos, conduziu mesmo a catástrofes como a desestabilização da sociedade, a guerra civil e o terrorismo.

Se se actualizasse agora o livro de O'Rourke, ter-se-ia de acrescentar pelo menos mais uma dúzia de operações de mudança de regime levadas a cabo pelos patifes de Washington. Destas, a revolta Maidan de 2014 na Ucrânia é certamente a operação mais espetacular dos EUA e a mais devastadora nas suas consequências. No entanto, a mudança de regime desonesta na potência nuclear do Paquistão também tem consequências não menos nefastas.

Depois de o primeiro passo para destituir o primeiro-ministro Imran Khan ter fracassado em 3 de abril de 2022 com a ajuda de um voto de desconfiança no parlamento, alguns dias mais tarde, em 9 de abril, um voto de desconfiança bem sucedido foi conseguido com justificações frágeis e truques administrativos, satisfazendo assim as exigências de Washington. Neste voto de desconfiança no Parlamento, 174 dos 342 deputados votaram a favor. Retirar o político mais popular do Paquistão do seu cargo com uma maioria muito reduzida de apenas 3 votos não deveria ter sido um problema, dada a enorme pressão de Washington num parlamento onde a corrupção floresce.

O facto de a corrupção estar envolvida foi também o consenso dos observadores internacionais críticos que seguiram com horror os desenvolvimentos desastrosos que se seguiram à queda de Khan no Paquistão. Mas faltavam provas tangíveis da mão diabólica de Washington. Entretanto, os media corporativos e governamentais do Ocidente coletivo mantiveram um silêncio férreo sobre os verdadeiros antecedentes do derrube do primeiro-ministro Khan. Este foi mesmo responsabilizado no Ocidente pela agitação sangrenta das massas civis contra os militares, que se abateu sobre todo o país.

No entanto, mais de um ano depois, a prova de que Washington era o mentor do golpe surgiu sob a forma do despacho acima mencionado. Este tinha sido enviado pelo então embaixador paquistanês nos EUA, a 7 de março de 2022, de Washington para o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Islamabad, a capital do Paquistão. Uma cópia deste despacho foi recentemente divulgada ao canal de investigação online "The Intercept" por um informador militar ou civil, aparentemente de alta patente. "The Intercept" publicou o documento na íntegra (1). Ainda não foi desmentido oficialmente.

O despacho foi enviado a 7 de março de 2022, apenas um mês antes da primeira tentativa de destituição de Imran Khan através do Parlamento. Nele, Asad Majeed Khan, então embaixador do Paquistão em Washington, relatava um almoço que tivera anteriormente com Donald Lu, secretário de Estado adjunto dos EUA para a Ásia do Sul e Central no Departamento de Estado, e o seu acompanhante, Les Viguerie.

A essência do despacho era que os EUA estavam muito descontentes com o primeiro-ministro Imran Khan e ameaçavam que se Khan fosse autorizado a continuar como antes no Paquistão, isso teria consequências desagradáveis para o país. Mas tudo isto poderia correr muito melhor se algo acontecesse e Khan deixasse de ser primeiro-ministro.

De acordo com o despacho, Donald Lu, que no texto é designado abreviadamente por Don, queixou-se sobretudo da posição neutral do Paquistão na crise da Ucrânia, a que chamou reprovavelmente "neutralidade agressiva" (uma contradição em termos). E também noutros aspectos, o alto funcionário americano do Serviço de Negócios Estrangeiros dos EUA comportou-se mais como um mafioso de protecção do que como um diplomata, com as suas ameaças flagrantes e interferência nos assuntos internos do Paquistão.

Segue-se a tradução do despacho do embaixador paquistanês de Washington:

Perguntei a Don se a razão para esta forte reação dos EUA era a abstenção do Paquistão na votação da Assembleia Geral da ONU. Ele negou categoricamente e disse que se devia à visita do primeiro-ministro a Moscovo. Penso que se a moção de desconfiança contra o primeiro-ministro (que os americanos obviamente exigiram) for bem sucedida, tudo será perdoado em Washington porque a visita à Rússia será vista como uma decisão do primeiro-ministro. Caso contrário, penso que será difícil seguir em frente". Don fez uma pausa e depois disse: "Não posso dizer como isto será visto pela Europa, mas suspeito que a reação deles será semelhante". Depois disse: "Francamente, acho que o isolamento do primeiro-ministro em relação à Europa e aos Estados Unidos vai tornar-se muito forte". Don comentou ainda: "Parece que a visita do primeiro-ministro a Moscovo foi planeada durante os Jogos Olímpicos de Pequim e que houve uma tentativa do primeiro-ministro de se encontrar com Putin que não foi bem sucedida e depois surgiu a ideia de ele ir a Moscovo".

Disse ao Don que se tratava de uma informação e de uma perceção completamente erradas. A visita a Moscovo estava a ser preparada há pelo menos dois anos e era o resultado de um processo institucional consultivo. Sublinhei que, quando o primeiro-ministro se deslocou a Moscovo (no dia 23 de fevereiro de 2021), a invasão russa da Ucrânia ainda não tinha começado e ainda havia esperança de uma solução pacífica. Salientei também que, na mesma altura, os líderes dos países europeus também se deslocavam a Moscovo. O Don referiu que "estas visitas eram especificamente para procurar uma solução para o conflito na Ucrânia, enquanto a visita do primeiro-ministro era por razões económicas bilaterais". Chamei a sua atenção para o facto de o primeiro-ministro ter lamentado claramente a situação durante a sua estadia em Moscovo e ter esperado que a diplomacia funcionasse. A visita do primeiro-ministro, sublinhei, foi exclusivamente num contexto bilateral e não deve ser entendida como uma compreensão ou um apoio às acções da Rússia contra a Ucrânia. Afirmei que a nossa posição é determinada pelo nosso desejo de manter os canais de comunicação abertos com todas as partes. As nossas declarações subsequentes às Nações Unidas e pelo nosso porta-voz deixaram isso claro, ao mesmo tempo que reafirmámos o nosso compromisso com o princípio da Carta das Nações Unidas, a não utilização ou ameaça de utilização da força, a soberania e integridade territorial dos Estados e a resolução pacífica de litígios.

Também disse ao Don que o Paquistão estava preocupado com a forma como a crise da Ucrânia se iria desenvolver no contexto do Afeganistão. Pagámos um preço muito elevado devido às implicações a longo prazo deste conflito. A nossa prioridade era a paz e a estabilidade no Afeganistão, para as quais era essencial trabalhar e coordenarmo-nos com todas as grandes potências, incluindo a Rússia. Nesta perspectiva, era também importante manter os canais de comunicação abertos. Este factor também determinou a nossa posição sobre a crise na Ucrânia. Em resposta à minha referência à próxima reunião da troika alargada em Pequim, Don disse que ainda estavam a decorrer discussões em Washington sobre se os EUA deveriam participar na reunião da troika alargada ou na próxima reunião em Antalya sobre o Afeganistão com representantes russos, uma vez que a atenção dos EUA estava actualmente centrada em discutir apenas a Ucrânia com a Rússia. Respondi que era exactamente isso que temíamos. Não queríamos que a crise da Ucrânia desviasse a atenção do Afeganistão. Don não disse nada sobre o assunto.

Disse-lhe que, tal como ele, também eu seria aberto em relação aos nossos pontos de vista. Disse-lhe que, ao longo do último ano, tínhamos sentido repetidamente a relutância da liderança dos EUA em dialogar com a nossa liderança. Esta relutância tinha criado no Paquistão a impressão de que estávamos a ser ignorados e até de que a nossa lealdade estava a ser dada como certa. Havia também a sensação de que, embora os EUA esperassem o apoio do Paquistão em todas as questões importantes para os EUA, este não era recíproco e não víamos muito apoio dos EUA nas questões que afectavam o Paquistão, especialmente em Caxemira. Afirmei que era extremamente importante dispor de canais de comunicação funcionais ao mais alto nível para eliminar essa percepção. Afirmei também que, se a nossa posição sobre a crise na Ucrânia era tão importante para eles, ficámos surpreendidos por os EUA não terem dialogado connosco ao mais alto nível antes da visita a Moscovo e mesmo aquando da votação prevista na ONU.

O Paquistão valorizava um envolvimento sustentado ao mais alto nível e foi por essa razão que o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros solicitou uma chamada com o secretário (dos EUA) Blinken para explicar pessoalmente a posição e a perspectiva do Paquistão sobre a crise na Ucrânia. O telefonema ainda não se concretizou. Don respondeu que Washington considerava que este não era o momento certo para um compromisso deste tipo, dada a actual agitação política no Paquistão, e que poderia esperar até que a situação política no Paquistão acalmasse.

Voltei a afirmar a nossa posição de que os países não devem ser forçados a escolher lados numa situação complexa como a crise da Ucrânia e sublinhei a necessidade de uma comunicação ativa e bilateral ao nível da liderança política. Don respondeu: "Transmitiu claramente a sua posição e eu transmiti-la-ei aos meus dirigentes".

Também disse ao Don que tínhamos visto a sua defesa da posição da Índia sobre a crise da Ucrânia durante a recente audiência da subcomissão do Senado sobre as relações entre os EUA e a Índia. Parecia que o governo dos EUA estava a aplicar dois pesos e duas medidas em relação à Índia e ao Paquistão. Don respondeu que os fortes sentimentos dos legisladores norte-americanos relativamente às abstenções da Índia no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral surgiram claramente durante a audição. Eu disse que era claro na audiência que, por um lado, os EUA esperavam mais da Índia do que do Paquistão, mas, por outro lado, pareciam mais preocupados com a posição do Paquistão. Don foi evasivo e respondeu que Washington vê as relações EUA-Índia muito através da lente do que está a acontecer na China. Acrescentou que, embora a Índia tenha uma relação estreita com Moscovo, "penso que veremos uma mudança na política da Índia quando todos os estudantes indianos que ainda se encontram na Ucrânia tiverem deixado o país".

Espero que a questão da visita do primeiro-ministro à Rússia não afecte as nossas relações bilaterais. Don respondeu: "Eu diria que, do nosso ponto de vista, já afectou as relações. Vamos esperar alguns dias para ver se a situação política muda, o que significaria que não teríamos um grande desacordo sobre esta questão e que a mossa desapareceria muito rapidamente. Caso contrário, temos de encarar o problema de frente e decidir como lidar com ele".

Falámos também sobre o Afeganistão e outras questões relacionadas com as relações bilaterais. Segue-se uma nota separada sobre esta parte da nossa conversa.

(O que se segue é a avaliação pessoal do embaixador do Paquistão em Washington sobre a conversa).

Apreciação:

O Don não poderia ter transmitido uma diligência tão forte sem a aprovação explícita da Casa Branca, à qual se referiu repetidamente. Don fez comentários manifestamente inapropriados sobre os assuntos políticos internos do Paquistão. Temos de refletir seriamente e considerar a possibilidade de fazer uma diligência adequada junto da Embaixada dos EUA em Islamabad.

(fim do despacho)

Como Imran Khan não desistiu após a queda e se retirou da política, mas continuou a lutar contra o estado profundo no Paquistão e seus clientes em Washington, ele foi condenado à prisão domiciliar por um tribunal adquirido por crimes fabricados na fase II de sua suspensão. condenado. E como nem isso conseguiu quebrar a sua vontade de resistir, foi recentemente condenado novamente na Fase III, a três anos de prisão por alegadamente ter cometido mais crimes. As condições nas prisões paquistanesas são terríveis e ninguém tem a certeza da sua vida lá. Uma disputa de prisioneiros na Fase IV poderia resolver elegantemente o problema de Washington com Imran Khan de uma vez por todas.

Por último, um lembrete:

O chamado "crime" de Imran Khan que provocou a ira do regime americano foi o facto de ele querer ser amigo dos Estados Unidos, da China e da Rússia. A sua mensagem era: queremos ter boas relações com todos eles. Mas isso era intolerável para a camarilha no poder em Washington. Ter boas relações com os adversários dos EUA já é impossível. Porque se não estão contra os nossos inimigos, então estão contra nós.

Recorde-se a passagem da conversa em que o embaixador paquistanês argumenta: "Só porque o Paquistão negoceia com outros países não significa que estejamos do lado dos inimigos dos EUA!" Mas não conseguiu mudar a opinião do seu interlocutor sénior, Don, do Departamento de Estado dos EUA. Relações normais com outros países sem a aprovação dos EUA são obviamente uma violação da ordem baseada em regras de Washington. "Nesse caso, não podes ser nosso amigo", foi a resposta de Don.

O crime de Khan foi não ter aderido às sanções impostas pelos EUA à Rússia e não ter cortado relações com Moscovo. Khan fê-lo para evitar danos graves ao povo paquistanês, que precisa do petróleo russo barato e de outras matérias-primas.

Nenhum dirigente de um Estado verdadeiramente soberano teria um comportamento diferente do de Imran Khan. As elites corruptas dos estados vassalos dos EUA, como por exemplo a Alemanha, já estão a vender o sustento do povo em obediência antecipada a um sorriso gracioso de Washington. No entanto, sabem que também elas são ameaçadas com uma mudança de regime se desafiarem. É assim que funciona a "ordem internacional baseada em regras" ditada pelos EUA. Não admira que tenha havido tanta pressa em juntar-se aos BRICS na África do Sul, na semana passada.