quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Bye Bye, Sócrates....

Na campanha, José Sócrates não vai lutar por valores ou políticas, mas pela sua sobrevivência.

Poderá José Sócrates sobreviver a uma derrota eleitoral no dia 27 de Setembro? Pelo que vamos sabendo das sondagens, e lembrando os resultados das europeias, parece que toda a gente espera que o PS perca muitos votos e a maioria absoluta. Mas, qual será a dimensão da perda? Isso, é óbvio, ninguém sabe. No entanto, podemos colocar alguns cenários.

No primeiro deles, admitamos que o PS fica à frente do PSD, e com uma percentagem superior a 35 por cento. Será que Sócrates pode ficar? Talvez. Apesar de tudo, não é uma derrota demasiado humilhante. Poderá tentar governar em minoria, fazendo acordos parlamentares aqui ou ali, à esquerda e à direita, conforme os assuntos e a gravidade deles. É evidente que a situação se complica. Contudo, acima dos 35 por cento, ainda há alguma margem para Sócrates.

O caso muda de figura caso o PS baixe mais do que isso. Mesmo se ficar à frente do PSD, mas apenas com 31 ou 32 por cento, a fragilidade da situação agudiza-se. A perda será muito pronunciada, e a ala esquerda do PS poderá dizer, com razão, que Sócrates governou demasiado ‘à direita’ e por isso perdeu um número colossal de votos. Assim sendo, nada impede Alegre ou Ferro de se constituírem como alternativa, propondo uma coligação governamental que inclua o Bloco de Esquerda, ou o PCP, ou os dois ao mesmo tempo. A ‘frente de esquerda’ terá certamente o apoio de Soares, e grande parte dos socialistas sentirão que é melhor ficar no poder aliado à esquerda do que voltar a virar-se para a direita, procurando acordos com o PSD ou, pior ainda, com o PP.

Neste cenário, a dificuldade de Sócrates será imensa. É evidente que ele não é o homem indicado para chefiar um governo da ‘esquerda unida’, e o máximo que poderia tentar oferecer ao PS era um improvável Bloco Central com o PSD. Ora, entre escolher o caminho à direita, que levou à derrota, ou experimentar um novo caminho à esquerda, acredito que grande parte do PS prefira esta segunda opção. O que significa, é evidente, o fim de Sócrates e a sua saída de cena.

O mesmo se passará no caso de o PS ser ultrapassado pelo PSD em votos. Um líder que tinha maioria absoluta e a perdeu, e ao mesmo tempo deixa de ser o partido mais votado, é um líder acabado.

Daqui se conclui pois que a carreira política de Sócrates está em momento de alto risco. Para ele, tudo pode acabar no dia 27. Na campanha, não irá lutar por valores ou políticas, mas pela sua sobrevivência.

Por:Domingos Amaral, Director da 'GQ' - No CM
Imagem do :http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

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