segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Descoberta colecção de 14 cartas, escritas por Voltaire

Uma coleção de 14 cartas do escritor francês François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, foram recentemente Trazidas a publico pela primeira vez. Nestas, o escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês, lança luz sobre as estreitas relações do autor com a aristocracia inglesa.

As mensagens, encontradas pelo professor da Universidade de Oxford, Nicholas Cronk, representa um avanço na compreensão dos filólogos sobre as influências que Voltaire teve durante os seus anos em Inglaterra e de como foram criadas as suas obras, informou na passada sexta-feira dia 20 de Janeiro a BBC em Londres.

Numa delas, o escritor, historiador e filósofo chega até a abandonar a forma francesa do seu nome, François, e assina como Francis Voltaire, algo que nunca tinha sido registado até agora.

Cronk descobriu estas mensagens enquanto pesquisava nas bibliotecas públicas de Nova York, na Universidade de Morgan e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

"Voltaire passou dois anos muito importantes, mas relativamente pouco documentados em Inglaterra, por volta dos seus 30 anos, numa época na qual era mais conhecido como poeta", explicou Cronk à BBC.

Durante a sua estadia, o autor de "Cândido", "O ingênuo" e "Tratado sobre a tolerância" expôs as suas ideias sobre os escritores ingleses e quando voltou à Europa continental levou consigo o empirismo, que depois constituiu a base do Iluminismo, detalhou Cronk.

"Além disso, estas cartas recém-descobertas são muito interessantes porque mostram como a estreita relação de Voltaire com a aristocracia inglesa o expôs às ideias iluministas, e nos ajudam a reconstruir a natureza dessas interações", acrescentou o professor da faculdade de Idiomas Modernos e Medievais.

Estas relações com pessoas ricas e poderosas são, de acordo com Cronk, responsáveis por fazer Voltaire crescer na alta sociedade inglesa, já que ele chegou "como um poeta pouco conhecido com uma carta de recomendação do embaixador britânico em Paris".

Segundo o especialista, ainda restariam milhares de cartas de Voltaire para serem encontradas.

Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio, Voltaire é uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Revolução Americana. 

Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. 

Um polémico satírico,  frequentemente usou as suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se em Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke. 

Não será exagero dizer que Voltaire foi o homem mais influente do século XVIII. Os seus livros foram lidos por toda a Europa e vários monarcas pediram os seus conselhos.

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