sábado, 25 de abril de 2009

Os cravos, murcharam.

Durante vinte e muitos anos, no tempo da outra senhora, fardavam-nos, alinhavam-nos e faziam-nos marchar, nas mais diversas comemorações, e festividades.

A de que eu mais me lembro, é a do 1º de Dezembro. Além do frio que apanhava-mos, era mais o facto de sair do colégio, na altura, o Luís de Camões em Coimbra, que nos entusiasmava. Lá íamos, cantando e rindo, mas sem saber realmente o significado daquela comemoração, naquele dia. Só anos mais tarde, é que li, e passo a resumir o porquê do 1º de Dezembro:

A morte de D. Sebastião, em Alcácer Quibir, sem deixar descendência e outras motivos de natureza vária que não cabem neste pequeno resumo, concorreram para a perda da Independência de Portugal. Sem um sucessor directo, a coroa passou para Filipe II de Espanha. Este, aquando da tomada de posse, nas cortes de Leiria, em 1580, prometeu zelar pelos interesses do País, respeitando as leis, os usos e os costumes nacionais.

Com o passar do tempo, essas promessas foram sendo desrespeitadas, os cidadãos nacionais foram perdendo privilégios e passaram a uma situação de subalternidade em relação a Espanha. Esta situação leva a que se organize um movimento conspirador para a recuperação da independência, onde estão presentes elementos do clero e da nobreza.

A 1 de Dezembro de 1640, um grupo de fidalgos introduz-se no Paço Real, mata o secretário Miguel de Vasconcelos e vêm à janela proclamar D. João, Duque de Bragança, rei de Portugal. Terminam, assim, 60 anos de domínio espanhol sobre Portugal. A revolução de Lisboa foi recebida com júbilo em todo o País.

Acho que esse jubilo, foi igualmente vivido por todos os Portugueses, há 35 anos, no 25 de Abril de 1974.

Hoje, 25 de Abril de 2009, não tenho motivos para festejar.

Os cravos, uns murcharam, outros, estão mortos.

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