quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pior a amendôa do que o cianêto...

O Sr. Silva, meteu a pata na poça.

Não falou como e quando o devia ter feito, e quando abriu a boca, foi para deixar tudo e todos mais baralhados do que antes.

Tudo em alvoroço. Foi uma declaração de guerra ao governo dos Sócretinos.

E estes, não tardaram em retaliar. Com um, comunicado violento, disseram, que é necessário cortar o mal pela raiz.?!?!?

O que é que querem dizer com isto?


Querem demitir o Sr. Silva?...Ou será que querem aplicar o golpe Hondurenho?

To be continued.

Por sua vez, o Presidente, insinuou que o PS, ou alguém do PS tentou manipular a Presidência da Républica, algo que não é novidade nenhuma. Mas porque é que não pôs os nomes aos bois?

Declarou-se um ingénuo, um analfabeto em informática, transmitindo a ideia de insegurança, que não abona de maneira nenhuma a instituição.

O homem da Capadócia, perdeu-se nas grutas da memória, e mostrou ao País, quão mal estamos governados.

Titubeante, ceráfico, chutou para o lado e pôs fora da carroça, o seu amigo de longa data, Fernando Lima, que tantas vezes lhe safou a onça, quando as quezílias com a imprensa tiveram que ser resolvidas discretamente.

Enfim, as feras soltaram-se na pista do circo da politica nacional.

Sem mêdo e sem vergonha, já nos vão preparando para o cenário de eleições dentro de pouco tempo.

E quem paga, somo nós.

Votaram neles, agora, aguentem-se.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quanto mais me bates, mais gosto de ti...

Olhando para o gráfico, com o resultado das eleições,chegamos á conclusão, de que cerca de 50% dos Portugueses eleitores, votam á esquerda, maioritariamente no P.S.
Isto tendo em atenção, de que cerca de 40% da população Portuguesa, com idade de votar, se absteve.
Portanto, temos um País dividido, com metade de bandeiras na mão, e a outra metade, a borrifar-se para o espectáculo circense que vai continuar a assolar o País.
Assistiu-se a uma campanha demagógica, e em plena crise, o partido vencedor, gastou contentores de Euros, comprando eleitores, de todas as raças, cores ou credos, organizando as agora chamadas arruadas, com carros ilegais a circularem no Pais, mas a não serem devidamente punidos,como deveriam ter sido, em nome da liberdade?!?!?!,a manipular as noticias, através de canais de informação, pagos por todos, mas a beneficiarem só alguns e todos os outros truques que tiveram á mão.
Sócrates, mentiu, faltou ao que prometeu, maltratou a população em geral, e em particular os professores, os policias, os enfermeiros, os reformados, mas mesmo assim, ganhou.
Extraordinário. Faz lembrar uma cantiga em que o refrão dizia algo com...quanto mais me bates, mais gosto de ti. Seria para rir, se não fosse dramático.
O futuro, de certeza que vai ser pior do que os últimos 4 anos. Mais desemprego, mais fome, mais assaltos, e mais delinquentes a serem soltos por um qualquer juíz, após terem sido presos em flagrante delito, por policias, que no cumprimento do seu dever, arriscam a sua própria vida.
É esta a politica socialista.
O Pais endoidou, disse o Alberto João, e eu concordo plenamente. O futuro é negro.Triste fado.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Com que cara se apresentará o país na Europa, se a "esquerda trotsquista, leninista e maoísta" atingir os 20%?

O livro de campanha do CDS podia ter sido escrito por Max Weber. Com a economia mergulhada na crise, os democratas-cristãos estão cada vez mais protestantes. Vão a eleições com uma solução para o país assente no trabalho e no mérito - as palavras mais repetidas nas últimas semanas. Em vez de cidadãos abandonados ao marasmo da preguiça, a viver à custa do contribuinte, Paulo Portas espera que em cada empresário haja um Calvino com vontade de provar a sua predestinação para a riqueza e criação de emprego. É a importação do sonho americano, adaptado à pequena e média escala da economia nacional. "Que os pais deixem aos filhos mais do que receberam", proclama Portas.

O PS que destruiu a lavoura e, em vez de premiar o mérito, premeia a preguiça com o rendimento mínimo, é o alvo a abater por Paulo Portas. Mas não o único. Cada partido tem os seus fantasmas. E no imaginário do CDS também há um tempo da velha senhora ao qual ninguém gostaria de voltar. A velha senhora está de volta, fez um lifting e vem com "um rosto moderno", mas não se deixem enganar, "as ideias são do antigamente". "Já tivemos um PREC, não queremos ter outro", repete Paulo Portas. "Para quem já não se lembra" do que foi, os centristas têm-se batido por avivar a memória e explicar que as nacionalizações não estão devidamente arquivadas nos anais da história. São uma ameaça real à retoma económica posta em papel no programa do Bloco. "A enxada já não é da cooperativa", decreta Nuno Melo, para logo de seguida questionar: com que cara se apresentará o país na Europa se a "esquerda trotsquista, leninista e maoísta" atingir os 20%?

O partido não esconde que, a bem da economia, o seu objectivo é ficar "à frente da esquerda radical, nem que seja por um voto" e garantir uma maioria da direita que assegure a governabilidade. O voto útil é no CDS - além de permitir "despedir" o governo socialista e evitar "o centrão", corta os pés à esquerda. Uma das frases de Portas que ficará da campanha é uma antevisão do inferno que, para os centristas, seria o regresso ao passado com um governo meio Bloco.

"À segunda-feira, Portugal sai da NATO; à terça, está fora do Tratado de Lisboa; à quarta, congela as relações com Angola; à quinta rompe o acordo das Lages, à sexta nacionaliza a economia. E ao sábado, quem alimenta o país?"

Portas tem pedido aos eleitores para votarem nas ideias e esquecerem as siglas. Mas os fantasmas do CDS resumem-se em duas letras: BE. O partido conservador e mais à direita baralha o imaginário da esquerda, volta a dar e remete-o à proveniência. Além de velha senhora com cara de moderna, o Bloco representa o regresso da política do orgulhosamente sós.

por Rute Araújo,no I

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Será que o amor “clubista” ao PS justifica negar as evidências?..

Don Quixote

Num discurso fortemente aplaudido, o ex-candidato presidencial, Manuel Alegre, defendeu que é preciso "um governo de Esquerda, da esquerda possível", do PS. Mas deixou também o alerta para a necessidade de um Governo que seja "capaz de se renovar" e de "nunca esquecer que o poder é um meio para servir as pessoas".

Estou certo que o Sancho Alegre sabe bem que o governo dos Sócretinos não serviu as pessoas mas sim os interesses de alguns e que o próximo vai ser mais do mesmo. Sabe e fala da “esquerda possível”, como se a esquerda pudesse ser possível ou impossível. É uma esquerda, mas uma esquerda pequenina, muito, muito pequenina, mas a esquerda possível. Uma esquerda que vive anafadamente dentro do capitalismo, que o defende e serve, mas lá no fundo, muito pequenininha, lá está a esquerda a acenar o casamento homossexual. A esquerda possível, como se isto fosse esquerda. Será que o amor “clubista” ao PS justifica negar as evidências?

Sacado,daqui

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Segundo a Exame Expresso, Sócrates é o pior primeiro-ministro desde 1985

O actual primeiro-ministro, José Sócrates, vai a votos no próximo domingo. Ainda que as sondagens mais recentes lhe dêem uma ligeira vantagem sobre Manuela Ferreira Leite, de uma coisa não se livra: do rótulo de pior primeiro-ministro desde 1985, ano em que Portugal aderiu à CEE.

Sócrates é apontado por 27% dos inquiridos (num total de 800 entrevistados) como o pior chefe do Governo da era europeia, batendo por quatro pontos percentuais o seu antecessor, Pedro Santana Lopes. Esta é uma das principais conclusões do estudo exclusivo que a Exame encomendou ao Gabinete de Estudos de Mercado e de Opinião, do IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing).

Pelo contrário, o actual presidente da República é considerado o melhor primeiro-ministro. Cavaco Silva, que assumiu o governo do país ainda em 1985, obtém a preferência de 30% dos inquiridos. Santana Lopes é o último colocado deste ranking, com apenas 1%.

Estes valores seguem a tendência que já havia sido detectada numa sondagem anterior, publicada pela Exame em Abril do ano passado (que visava avaliar a performance dos primeiros-ministros da era democrática), mas acentuam a clivagem entre os dois protagonistas políticos. Enquanto Sócrates, em 2008, recebeu as críticas de 22% dos inquiridos (menos 5% do que na actual sondagem), já Cavaco Silva foi o preferido para 23% dos entrevistados (ou seja, menos 7% dos que os valores actuais).

Desde 1985, passaram pelo cargo de primeiro-ministro cinco nomes: José Sócrates, Pedro Santana Lopes, Durão Barroso, António Guterres e Aníbal Cavaco Silva.

A Exame ouviu a opinião de dois politólogos, António Costa Pinto e Manuel Meirinho, que não se mostram surpreendidos com os resultados. "A imagem positiva de Cavaco Silva é um dado adquirido na sociedade portuguesa e pode ser muito induzida pela actual condição de Presidente da República", afirma Costa Pinto. Já a avaliação negativa de Sócrates deve-se ao facto de "o estarmos a julgar no momento em que governa. Sai sempre mais penalizado quem está no Governo", avança Manuel Meirinho.

Leiam as restantes conclusões da sondagem na edição de Outubro da Exame, nas bancas a partir da próxima quinta-feira, dia 24. Conheçam também os atributos que os portugueses consideram importantes num bom primeiro-ministro e descubram ainda se os inquiridos emprestariam mais facilmente dinheiro a José Sócrates ou a Manuela Ferreira Leite.


Ficha técnica

A sondagem foi realizada pelo Gemeo - Gabinete de Estudos de Mercado e Opinião, do IPAM, em exclusivo para a EXAME. Responderam às questões, através de entrevistas telefónicas, 800 indivíduos, maiores de 18 anos e residentes no continente, 53% dos inquiridos são do sexo feminino, enquanto 47% são do sexo masculino. De acordo com as faixas etárias, 13% têm entre 18 e 24 anos; 19% situam-se entre 25 e 34 anos; 18% entre 35 e 44 anos; 16% entre 45 e 54 anos; 14% entre 55 e 64 anos; finalmente, 21% têm mais de 65 anos. Os inquéritos foram realizados entre 3 e 6 de Setembro. A margem de erro máxima admitida é de 3,5%.

Por: Joana Madeira Pereira (www.exame.expresso.pt)

sábado, 19 de setembro de 2009

A andar de lambreta

Há cerca de um ano, iniciá-mos uma relação de amizade, com a autora do Blogue, "a andar de lambreta", que para além de ser uma prendada jornalista, é igualmente um génio criativo, de máquina fotográfica em punho, além de um ser humano, solidário e amiga dos seus amigos.

Como gosto de partilhar tudo o que me satisfaz, aqui deixo um dos seus trabalhos fotográficos, bem como o seu ultimo post, no seu "a andar de lambreta", para vos despertar a curiosidade e vos motivar a fazerem um passeio na lambreta da Anabela. Aliás, no "biguinho" (?!?!?!), que só anda a 50 CC, da Leonoreta. Então, vamos lá, acelerador a fundo, e, carry on, Leonoreta, a tua arte, também é Bela.

Democracia e violação de correspondência.

"A transcrição feita pelo DN de um mail enviado entre duas pessoas, jornalistas ou não, ultrapassa o acto jornalístico e volta a fazer tinir o “espanta-espíritos” sobre a existência de uma entidade parda que nos controla e visiona sem ser vista nem identificada.

Não acredito que um dos dois jornalistas intervenientes tenha aberto portas à saída do mail da sua caixa de correio, o que me faz pressupor que alguém acede às nossas mensagens privadas - às dos mais importantes para que os intuitos do sistema cheguem a bom porto, obviamente. Isto faz-me também pensar, muito embora possa parecer “teoria da conspiração”, mas os anos se encarregarão de me dar ou não razão, que os nossos próprios mails, se alguma vez tivermos contacto com alguma dessas pessoas, “alvos a abater”, poderão ser esmiuçados, por menor importância que possam ter.

Adiantaram-me há meses que correspondência electrónica trocada entre duas pessoas envolvidas num caso mediático foi, de forma dissimulada, utilizada para tentar indiciar a culpa de uma das partes, de uma forma algo grotesca, por sinal. Por aqui não vale a pena alongar-me.

O importante, em tudo isto, é a impressão que fica de que o PS de Sócrates, muito provavelmente com o caminho já aberto por outros governos e pelo próprio PDS, nos trouxe essas benesses que são as escutas ilegais, a utilização ilícita de formas de investigação que apenas podem ser levadas a cabo por ordem do tribunal. Se não podem ser utilizadas (ainda) como prova, podem lançar para o terreno a desconfiança e fazerem-nos sentir pouco seguros, não apenas na rua mas, essencialmente, na nossa privacidade, no nosso pensamento.

Jerónimo de Sousa erra quando diz que estão a tirar-nos direitos e liberdades que demoraram dezenas de anos a conquistar. Erra apenas no tempo do verbo. Não estão a tirar-nos, já nos tiraram. Pior, fizeram-no com a anuência e utilização do outrora quinto poder: jornalistas vendilhões do seu próprio estatuto e da sua carteira profissional que estriam obrigados a defender. Mais grave ainda, poucos são, muito poucos mesmo, os que alertam para a situação de ilegalidade e de violação da democracia: tão importante como as hipotéticas escutas é saber como veio este mail a público.

Eu não sei, mas desconfio. E desconfio que isto é apenas o apuramento de algo que um simples funcionário público, quiçá no ministério certo, me disse há mais de dez anos: “qual ordem do juiz, qual quê, basta eu querer pôr a tua linha sobre escuta”. À altura entendi como gabarolice; neste momento a frase assalta-me e acredito que ressoe na democracia e em toda a vida civil portuguesa.

Portugal corre perigo. Nós, portugueses, pusemo-nos a jeito e continuamos cegamente a ajudar a cercear liberdades conquistadas.

Talvez a História seja assim mesmo, cíclica. Talvez nós sejamos um povo conformado, navegadores à bolina."

Foto e texo gamados daqui

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Os fantasmas masculinos: próstata, disfunções sexuais e decadência física

Fixem este nome: Miguel Srougi, Urologista.
Nunca tinha ouvido falar dele, mas é sensacional! Uma verdadeira filosofia de vida! Gostaria de comentários; sobre estes assuntos. Vale a pena discutirmos!
O urologista, que cuida da saúde do "PIB" brasileiro, fala sobre os principais temores masculinos, como problemas na próstata, disfunções sexuais e decadência física. Não tem nem o que questionar: quando se fala em urologia, e principalmente em saúde masculina, primeiro nome da agenda e da confiança dos principais políticos, empresários e brasileiros em geral é o do médico Miguel Srougi.
Considerado o número 1 do Brasil em Cirurgias de câncer de próstata (já realizou 2.900), atende em seu consultório gente como o presidente Lula, José Alencar, José Serra , Geraldo Alckmin, Joseph Safra, Lázaro Brandão, Abílio Diniz e Antônio Ermírio de Moraes, entre outros pesos pesados.
Professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP, pós-graduado pela Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos, 35 anos de carreira, uma dezena de livros publicados e outra centena de artigos espalhados mundo afora, Srougi tem a simplicidade daqueles que muito sabem, pouco ostentam e continuam lutando. Ele dedica -se integralmente ao que faz - trabalha todos os dias, das 7 da manhã às 10 da noite -, abriu mão da vida pessoal - é casado, pai de dois filhos - e não tem receio de dizer que se envolve demais com os seus pacientes.
"Sofro muito e esse sofrimento é um dos factores de sucesso da minha carreira, porque acabo entregando-me mais aos doentes."
Embora viva intensamente entre os limites das dores da perda e alegrias dos resgates da vida, Srougi, aos 60 anos, abastece-se leccionando na Faculdade de Medicina, "uma de minhas razões existenciais".
No ano passado inaugurou um moderno centro de ensino e pesquisa para seus alunos, garimpando verbas junto aos seus pacientes poderosos. A sala ganhou o nome de Vicky Safra, mulher de Joseph Safra - em homenagem ao banqueiro que doou a maior parte dos recursos.
Nesta entrevista, o maior especialista em câncer de próstata do Brasil, afirma que "todo o homem nasce programado para ter a doença" e que, se viver até os 100 anos, inevitavelmente vai contraí-la. Fala ainda sobre medos, fantasmas masculinos, impotência, novos tratamentos e seus sonhos pessoais.
A seguir, os principais trechos, dessa entrevista.

TEMORES MASCULINOS
Os homens têm uma certa sensação de invulnerabilidade - isso faz parte da cabeça deles. Passam boa parte da sua vida livre de todos os incómodos que a mulher tem, fazendo com que relaxem mais com a sua saúde. Com o passar dos anos, começam a perceber a sua vulnerabilidade e passam a dar um pouco mais de valor aos cuidados médicos.
O que mais os atemoriza hoje? Problemas com a próstata, disfunções sexuais e a decadência física, que mexe muito com a cabeça das mulheres, mas também com a deles. As mulheres pautam muito a vida em função da beleza e os homens, da força, da virilidade, da capacidade de agir, raciocinar. E na hora em que surgem falhas nessas áreas, ele percebe que, talvez, não seja aquele ser imortal que achava que fosse.

ENVELHECIMENTO
Há dois profundos temores hoje nos homens: o primeiro é o crescimento benigno da próstata, um fenómeno que ocorre em praticamente todos eles: ela aumenta de tamanho depois dos 40 anos e, dessa forma, o canal da uretra fica obstruído. Isso faz com que o homem comece a urinar sucessivas vezes, a não ficar em uma reunião prolongada, tem de se levantar à noite, prejudica o sono, acorda mal, pode ter descontroles de urina. O crescimento benigno é quase inexorável: todos os homens vão ter em maior ou menor grau - felizmente, apenas um terço, 30%, tem sintomas mais significativos que exigem apoio médico. Nesses casos, há medicações que desobstruem parcialmente a uretra e fazem o indivíduo urinar e viver melhor; apenas de 4% a 5% dos homens têm de fazer uma cirurgia para desobstruir a uretra por causa desse crescimento benigno. Essa é uma cirurgia, que se faz com segurança e sem os inconvenientes de uma cirurgia maior nos casos de câncer. Ela remove apenas o factor obstrutivo, o homem passa a viver melhor e sem nenhuma sequela. Esse crescimento não tem causa conhecida, surge por um desequilíbrio hormonal no homem maduro, ou seja, as células da próstata passam a proliferar em consequência dos hormónios. Não há como prevenir. Existem algumas medidas, mas nenhuma consistente.

OBESOS E FUMADORES
Existe a ideia de que o obeso e os fumadores teriam menos crescimento benigno da próstata. O que é interessante é que a próstata seria o único lugar no organismo que eles deixam de ter todas as desvantagens, mas a realidade é meio dura: recentemente se apurou que eles são menos operados da próstata, mas não porque ela não cresce, mas pelo receio dos médicos de operá-los porque complicam mais e também porque muitas vezes não vivem o suficiente para ser operados - morrem antes. É uma realidade perversa.

A REALIDADE NUA E CRUA
O câncer na próstata adquire maior relevância porque tem uma grande prevalência: 18% dos homens - um em cada seis - manifestarão a doença. E também porque o tumor, que ocorre com muita frequência dentro da próstata, é eliminado com sucesso em 80%, 90% dos homens. Se esse tumor não é identificado no momento certo e se expande, saindo para fora da próstata, as chances de cura caem para 30%. É um tumor muito comum e se for detectado a tempo, tem como resgatar esse paciente. Dos 18%, somente 3% morrem - a medicina consegue curar 15% dos homens, ou seja, a maioria. Mas vale dizer que todo homem nasce programado para ter câncer de próstata. Ou seja, nós temos, nas nossas células, genes que as estimulam a virar cancerosas e eles ficam bloqueados durante a nossa existência. Quando o indivíduo envelhece, esses mecanismos de bloqueio deixam de exercer o seu papel e o câncer começa a se manifestar. Com isso vai aumentando a frequência da doença e todo homem que chegar aos 100 anos vai ter câncer de próstata.

SEM FANTASIAS
O exame de toque - um dos meios de se detectar a doença - gera na cabeça dos homens fantasias negativas e receios, mas, na verdade, eles tem muito medo da dor. Tanto é que os que fazem pela primeira vez, no ano seguinte perdem o medo. Leva três ou quatro segundos e não dói. Então, um dos factores de resistência é eliminado. Existe um segundo sentimento, que é muito forte: expressar, exteriorizar uma fraqueza se a doença for descoberta. O homem tem pavor disso porque, de acordo com todas as idéias evolucionistas, só vão sobreviver aqueles que forem fortes. É comum descobrir-se um câncer no indivíduo, e ele entrar em pânico, não pela doença, mas porque as pessoas vão descobri-la. Porque o câncer é muito relacionado com morte, decadência física, perda da independência, dependência dos outros. O homem não aceita essa idéia, e prefere fechar os olhos e enfiar a cabeça debaixo da terra a enfrentar, mostrando para o mundo e às pessoas que ele é um ser mais fraco.
Isso vai afectar a imagem dele, acha que vai perder poder sobre outras pessoas, porque ninguém obedece a um fraco, alguém que vai morrer. Isso vai contra a idéia que temos de ser mais fortes para sobreviver.

A PERFORMANCE DO ROBÔ
Estamos a fazer cirurgias com um robô, que permite uma visão muito mais precisa do campo cirúrgico, elimina os tremores mão do cirurgião, permite incisões pequenas, uma operação muito mais perfeita porque os movimentos dele são muito suaves. Isto é novo no Brasil. Fiz o primeiro caso há dois meses.
Nos Estados Unidos faz-se a cirurgia robótica em larga escala. Lá, o robô ganha em performance do cirurgião médio, mas ele ainda perde com o especialista. Tenho mais de 2.900 pacientes operados ao câncer da próstata pessoalmente. Eu sou o terceiro cirurgião do mundo nesse quesito - só perco para dois americanos e eles estão parando de trabalhar. Apesar de ter essa grande experiência, quando comecei a operar, 35% ficavam com incontinência urinária grave. Agora são só 3%. Impotentes, todos também ficavam. Hoje, se o homem tem menos de 55 anos, a incidência é de 20% - antes era 100%. Há também enxertos de nervos, porque a impotência se deve à remoção de dois nervos que passam perto da próstata e nós estamos fazendo esse enxerto quando somos obrigados a retirá-los nos casos em que o tumor fica colado. Entre os pacientes que fizeram os enxertos, metade voltou a ter erecções com o tempo.

IMPOTÊNCIA, O QUE FAZER?
Esses novos remédios para tratar a disfunção sexual contornam 1/3 da impotência, tanto após a cirurgia quanto depois da radioterapia. Se os comprimidos não actuarem, existem injecções. Há ainda próteses penianas que são muito desenvolvidas e produzem uma erecção que quase não tem nenhuma diferença em relação à normal. Isso permite que o homem reassuma a vida sexual plenamente e que as mulheres tenham muita satisfação. Os homens ficam extremamente felizes - são hastes colocadas dentro do pénis. Não fica marca, nem cicatriz. Nos Estados Unidos, entrevistaram as mulheres sobre os homens que tinham prótese e as respostas foram positivas. Ela funciona muito bem.

ENTRE A VIDA E A MORTE
Minha vida é complexa porque eu ando um caminho muito estreito que, de um lado tem a morte e, de outro, a vida. E as minhas acções podem, com uma certa frequência, resgatar alguém para a vida. Trilhar esse caminho é muito difícil porque, quando você se identifica com o paciente, compreende o sofrimento humano, isso cria um estado de impotência que lhe faz sofrer. Mas, por outro lado, traz momentos de alegria incontida, principalmente quando se resgata um ser para a vida, que não tem nada parecido.

OUVINDO MAIS, OUVINDO MENOS
Se eu listar uma série de qualidades, como, por exemplo, humildade, conhecimento técnico, dedicação ao doente, presença, coerência, sentido humanístico, desprendimento material e comunicação e perguntar qual é melhor, só tem uma resposta: comunicação. Todas as outras são importantes. O médico precisa ser humano, ter desprendimento material. A relação médico-doente não é tipo supermercado, que você dá e recebe, é algo muito superior. Ele precisa ter conhecimento técnico, precisa estar presente, gerar esperança, mas ele tem de se comunicar. É comunicação superior, não apenas saber falar. É tão significativo que explica por que há médicos brilhantes aqui no Hospital das Clínicas que conhecem tudo, e não conseguem atender a um doente porque falam bobagem na hora de se expressar. São inibidos, tímidos, não sabem dar para o doente o substrato humanístico. Ele lista 450 tabelas de números e cálculos e não sabe o que se passa pelo seu coração. Isso explica também porque tem tanto charlatão por aí - médicos mal-intencionados e não-médicos - que conseguem atender a muitos pacientes. Eles têm a comunicação. Comunicação envolve inicialmente gerar empatia no doente. É errado cumprimentar um doente e falar "como vai?". Você deve cumprimentar alguém que está com uma doença grave e falar "eu lamento que você esteja nessa situação, imagino o que está sentindo". Saber ouvir, que é diferente de escutar. A hora que você passa a ouvir, entende quais as apreensões que ele tem, elimina um pouco do sentimento de culpa, entende por que está lhe procurando e conquista a confiança. É preciso ser coerente e falar com realismo. É ilusão achar que se engana as pessoas. Falar numa dimensão maior significa gerar esperança, estimular a espiritualidade, porque um dos maiores medos é morrer e não saber o que vai acontecer depois; explicar o que vai ser a evolução dele. Também assegurar presença - ele não será abandonado.

O PAPEL DAS MULHERES
Os homens são resistentes: eles relutam muito em ir ao médico fazer um exame de próstata e só vão quando a mulher os empurra: dois terços dos pacientes no consultório de Miguel Srougi são trazidos por elas.
"Ligam para marcar a consulta, e acompanham, os seus companheiros. A gente não vê mulheres jovens trazendo homens jovens para fazer exames. A gente vê mulheres maduras. Claro que o jovem não está na faixa de risco. Mas existe um outro significado da importância da mulher. Primeiro, que ela é pragmática e incentiva o marido." Mas, por que ela quer isso? "Porque quem ficou vivendo bem 30 anos e conseguiu superar todos os embates da vida conjugal é um casal que o tempo consolidou. E aí a mulher tem um sentido de preservação da família muito mais forte que o do homem. Passadas as tempestades e oscilações do relacionamento, ela não quer que o marido morra. É real. Toda vez que tenho um paciente e ofereço dois tratamentos: um que aumente a existência dele, mas vai, por exemplo, causar alguma deficiência na área sexual. E ofereço um outro tratamento, que cura menos, mas preserva melhor a parte sexual, o homem balança na decisão. A mulher nunca hesita. Ela prefere aquele que aumenta a existência, mesmo ocorrendo o risco de comprometer a vida sexual dele e do casal. Poucas vezes vi uma mulher aconselhar um tratamento que dê menos chance de vida e aumente a possibilidade de ele ficar potente. Dá para contar nos dedos. Ela quer o companheiro, quer preservar aquela pirâmide que foi construída, que é rica."

GERANDO ESPERANÇAS
O ser humano precisa ter alguma esperança, nem que sejam vislumbres. Os médicos americanos acham que são fantásticos e verdadeiros quando dizem que não tem jeito o seu caso, mas isso é não conhecer a natureza humana. É preciso mostrar que ele tem alguma hipótse.

SOFRIMENTOS E PRIVILÉGIOS
Eu envolvo-me muito com meus pacientes. Sofro muito. E esse sofrimento é um dos factores do sucesso da minha carreira, de 35 anos. Nesse sofrimento eu acabo entregando-me mais e mais aos doentes. Isso é mau, porque não tenho vida pessoal, minha vida familiar é feita nos intervalos. Felizmente, os momentos bons prevalecem sobre os ruins. É por isso que eu sobrevivo. Um doente que coloca a cabeça no meu ombro e agradece por ter feito algo por ele, ou deixa correr uma lágrima na minha frente, me faz esquecer, e superar aqueles momentos em que me senti totalmente impotente. Uma das coisas importantes é o médico saber e demonstrar que a medicina não é infalível e ele não se sentir omnipotente. O urologista tem um privilégio. O oncologista mexe com câncer avançado, já no fim do caminho - eu lido com o inicial. Eu consigo salvar muita gente. É um privilégio para mim.

MEDO DA SEPARAÇÃO
Nós não queremos morrer. Primeiro, pela incerteza do porvir. Segundo, porque a morte implica extinção e o ser humano não aceita a aniquilação. A nossa cabeça nasceu para ser imortal. A morte está relacionada com dor, sofrimento, à decadência física, à desfiguração, à perda do papel social, desamparo da família, perdas dos prazeres materiais, da independência. Mas a causa verdadeira é o nosso horror de nos separar das pessoas que amamos. Bem material não deixa ninguém feliz. Há tanta gente rica se suicidando, tomando droga para sair da realidade. Os médicos não compreendem isso. Se as pessoas têm medo de se afastar das pessoas do seu entorno, você precisa tratar o entorno também. Não é o médico que apoia o doente nas fases difíceis - é a família. Eles reagem raivosamente contra a família, querem afasta-la do processo, sem perceber que um doente só vai ter paz, tendo a morte pela frente ou não, se a família estiver ao lado.

VIVENDO NOS LIMITES
Eu sou católico, não praticante, acredito em alguma coisa depois da vida e isso me dá muita paz. Eu continuo numa luta incessante. Vivo nos limites. Nos limites do sofrimento, porque estou do lado das pessoas que sofrem. Nos limites das minhas energias, porque começo a trabalhar às 7 da manhã e vou até as 10 da noite. Trabalho na faculdade de Medicina. Tenho várias razões existenciais, uma delas é a faculdade. Aqui é a única forma de deixar marcas e mostrar que a minha passagem pela Terra não foi em vão. Aqui você planta as coisas. Cada aluno que receber esses conhecimentos, vai multiplicar o feito. Em vez de ajudar 20 pessoas que ajudo num mês, para cada aluno que eu fizer isso, serão 40, 60, 80, 320...Se eu saísse da faculdade, não iria aguentar essa carga toda de emoções, sentimentos, morte e vida. Aqui a gente conhece o que é o ser humano. Lá fora as pessoas estão todas maquilhadas.

REABASTECENDO ENERGIAS
Eu simplesmente acabei com a minha vida pessoal, os meus grandes amigos mal vejo. O meu melhor amigo médico, o oncologista Sergio Simon, não encontro há quase três anos. Sábado à noite vou para uma casa de campo que tenho e fico 24 horas ouvindo música, fazendo minhas leituras, pesquisas, um pouco no computador. E controlo muito bem a alimentação, o sono e a actividade física para poder aguentar. Faço ginástica de quatro a cinco vezes por semana, tenho uma alimentação equilibrada e durmo bem. Deixo de sair com os amigos para dormir. Não gosto de dormir, mas preciso me recompor.

NAS ASAS DA LIBERDADE
Só é livre quando se tem boa saúde. Ninguém fala disso. Dar saúde para uma pessoa é um pré-requisito para ela ser livre. Nesse templo, que é o hospital, nós tornamos as pessoas livres.

UM POUCO DE FILOSOFIA
A melhor forma de se transmitir as virtudes é pelo exemplo, pela coerência. Certa vez perguntaram para Sócrates como a virtude poderia ser transmitida - se pelas palavras ou conquistada pela prática, ele não soube responder. Então, Aristóteles, depois de uns anos, respondeu: "A virtude só pode ser transmitida pela prática e por meio do exemplo". Aqui, eu posso tentar ser o exemplo. Mudando o quotidiano das pessoas, transformando a sociedade e construindo um novo mundo.

CINCO MEDIDAS PREVENTIVAS
Segundo Miguel Srougi, a prevenção ao câncer de próstata é feita de forma um pouco precária, porque não existem soluções para impedi-lo. Na prática, há o licopeno, que é o pigmento que dá cor ao tomate, à melancia e à goiaba vermelha.
"Talvez diminua em 30% a chance, mas esse dado é controvertido, por causa disso a gente incentiva os homens a comerem muito tomate, só que deve ser ingerido pós-fervura, ou seja, precisa ser molho de tomate. Não pode ser seco ou cru."
A vitamina E também reduz teoricamente os riscos em 30%, 40%. Mas, se for ingerida em grandes quantidades, produz problemas cardiovasculares. Na verdade, se o homem quiser se proteger, deve tomar uma cápsula de vitamina E por dia.
Acima disso, não é recomendável. O terceiro elemento é o Selenio, um mineral que existe na natureza e é importante para manter a estabilidade das células, impedindo que elas se degenerem, que é encontrado em grande quantidade na castanha-do-Pará.
"Qualquer homem pode ingerir em cápsulas, mas se ele comer duas castanhas por dia, recebe uma certa protecção", diz o especialista. Uma quarta medida é comer peixe, três porções por semana - rico em ómega 3 e tem uma acção anticancerígena provável. E, uma quinta, apanhar sol. "O homem que apanha muito sol sintetiza na pele vitamina D, que tem forte acção anticancerígena. É por isso que os homens da Califórnia desenvolvem muito menos a doença do
que os de Boston", afirma Srougi.

PODER vs TRANSFORMAÇÃO
O poder é a única forma de passar pela existência deixando marcas. Só com ele você consegue fazer isso. E nenhum de nós terá vivido de forma digna se não deixa-las. A minha definição de felicidade é estarmos alegres com o que somos, o que representa um continuador bem-estar físico, mental e afectivo. É fantástica essa definição. E a gente só é feliz se estivermos rodeados por pessoas felizes. E o poder dá-nos um pouco dessa felicidade. Mas o grande problema é você dá-lo ao ser humano, que é altamente imperfeito - ele tem defeitos incompreensíveis para qualquer espécie - aí vira uma arma de destruição. Mas, quando se dá poder às pessoas de bem, ele se torna algo transformador.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

É esta a segurança, que o governo de Sócrates, nos dá.

De pistola e caçadeiras em punho, quatro homens de caras tapadas invadiram o McDonald’s da Segunda Circular, Lisboa, já com um refém. O gerente do restaurante preparava-se para sair, às 04h30 de segunda-feira, quando foi agarrado à porta pelo gang. Voltou a entrar, agora de armas apontadas – e, durante 15 minutos, um total de dez funcionários estiveram sequestrados lá dentro, sob ameaças de morte e agressões. O gerente foi atingido por uma coronhada na cabeça. Objectivo: roubar o cofre, que já sabiam onde estava.

Dentro do restaurante nas bombas de gasolina da Repsol – com atendimento ao exterior até às 04h00, através do McDrive – os dez reféns foram obrigados a sentar-se no chão, encostados à parede e sempre com as armas de fogo apontadas à cara. Ninguém se atreveu a reagir.

Enquanto isso, o gerente ficou nas mãos dos assaltantes e acompanhou-os no momento do roubo do cofre, com montante ainda não apurado. No final, agrediram a vítima com a coronha de uma arma: face à pancada na cabeça, o gerente foi assistido no Hospital de Santa Maria.

Num BMW de cor escura, estacionado junto ao McDonald’s, estava um quinto elemento do gang, que controlava a actuação dos cúmplices. O grupo entrou no carro e fugiu a alta velocidade.

No CM Aqui

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Reflexões,do Professor Medina Carreira

Nota: O Professor Medina Carreira, um dos mais capacitados economistas portugueses, sempre que fala, deixa o País a reflectir, estupefacto. Aqui deixamos a síntese de uma das últimas entrevistas que concedeu.

"Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular. Eu não quero é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularuxo» porque não dependo do aparelho político!"

"Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar «6x3=18», contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7... Isto não é ensino...é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa!"

"Os números são fatais. Dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos dos últimos 27, cresceu 1% ...esta economia não resiste num país europeu."

"Quem anda a viver da política para tratar da sua vida, não se pode esperar coisa nenhuma. A causa pública exige entrega e desinteresse."

"Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? P'rá gente ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos? Acha que sim? A aviação está a sofrer uma reconversão, vamos agora fazer um aeroporto, se calhar não era melhor aproveitar a Portela? Quer dizer, isto está tudo louco?"

"Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a Justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da Justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo fôr..."

"Nós tivemos nos últimos 10-12 anos 4 Primeiros-Ministros:
-Um desapareceu;
-O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas, foi-se embora;
-O outro foi mandado embora pelo Presidente da República;
-E este coitado, anda a ver se consegue chegar ao fim"

"O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal. Tentou. Foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá... Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado."

"Mas você acredita nesse «considerado bem»?
Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400? Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da polícia...Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença!"

"De acordo com as circunstâncias previstas, nós por volta de 2020 somos o país mais pobre da União Europeia. É claro que vamos ter o nome de Lisboa na estratégia, e vamos ter, eventualmente, o nome de Lisboa no tratado. É, mas não passa disso. É só para entreter a gente..."

"Isto é um circo. É uma palhaçada. Nas eleições, uns não sabem o que estão a prometer, e outros são declaradamente uns mentirosos: -Prometem aquilo que sabem que não podem."

"A educação em Portugal é um crime de «lesa-juventude»:
Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar. Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida aqueles que querem estudar. Mas é inclusiva....O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos?"

"Os exames são uma vergonha. Você acredita que num ano a média de Matemática é 10, e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira, é um roubo ao ensino e aos professores ! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada!

"A minha opinião desde hà muito tempo é TGV- Não! Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema. Ainda mais agora com o problema do petróleo.

"Bragança não pode ficar fora da rede de auto-estradas? Não? Quer dizer, Bragança fica dentro da rede de auto-estradas e nós ficamos encalacrados no estrangeiro? Eu nem comento essa afirmação que é para não ir mais longe... Bragança com uma boa estrada fica muito bem ligada. Quem tem interesse que se façam estas obras é o Governo Português, são os partidos do poder, são os bancos, são os construtores, são os vendedores de maquinaria...Esses é que têm interesse, não é o Português!"

"Nós em Portugal sabemos resolver o problema dos outros: A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios...

Receber os prisioneiros de Guantanamo?
«Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...» Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros...Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós!"

"A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos.Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é!"

"Nós estamos com um endividamento diário nos últimos 3 anos correspondente a 48 milhões de euros por dia: Por hora são 2 milhões! Portanto, quando acabarmos este programa Portugal deve mais 2 milhões! Quem é que vai pagar?"

"Isso era o que deveríamos ter em grande quantidade. Era vender sapatos. Mas nós não estamos a falar de vender sapatos. Nós estamos a f alar de pedir dinheiro emprestado lá fora, pô-lo a circular, o pessoal come e bebe, e depois ele sai logo a seguir..."

"Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia...Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo...."

"Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum. Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada"» Porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores. Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê? Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma. Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo...Portanto tem que haver uma agenda para a Educação. Eu sou contra a autonomia das escolas Isso é descentralizar a «bandalheira»."

"Há dias circulava na Internet uma noticía sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12ºano e agora vai seguir Medicina...Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina...Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação...Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice..."

"É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas para não dizer mais, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multi-milionários sem justificação, é um caldo de cultura que pode acabar muito mal. Eu receio mesmo que acabe."

"Até hà cerca de um ano eu pensava que íamos ficar irremediavelmente mais pobres, mas aqui quentinhos, pacifícos, amiguinhos, a passar a mão uns pelos outros...Começo a pensar que vamos empobrecer, mas com barulho... Hoje, acrescento-lhe só o «muito». Digo-lhe que a gente vai empobrecer, provavelmente com muito barulho...

Eu achava que não havia «barulho», depois achava que ia haver «barulho», e agora acho que vai haver «muito barulho». Os portugueses que interpretem o que quiserem..."

"Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Europeia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa e portanto, não acreditem... No longo prazo, também não fizemos nada para o resolver e esta é que é a angústia da economia portuguesa."

"Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sitío. Esta interpenetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar as empresas...Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si...Porque é que se vai buscar políticos para as empresas? É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política... Um político é um político e um empresário é um empresário. Não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro...é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade."

"Este país não vai de habilidades nem de espectáculos. Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros. São propagandistas ! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país!"

"Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista»...Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito...Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir. O Português está farto de ser enganado! Todos os dias tem a sensação que é enganado!"

VOTEM PS!!!!!!!!!!! Que isto continua...



Retirado daqui

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

ASAE, ataca de novo. Biba el "xuxialismo" Sócrateano...

O refeitório social de Faro que fornece mais de meio milhar de refeições diárias aos mais pobres, foi encerrado recentemente pela Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), mas a Santa Casa da Misericórdia lamenta o facto.

Num aviso afixado na porta do refeitório social da Santa Casa da Misericórdia na Baixa de Faro pode ler-se: "Atenção, lamentamos informar que por encerramento da ASAE, este refeitório social não tem possibilidade de servir refeições durante um período indeterminado".

"É pena que não ponham as pessoas em primeiro lugar", lamentou hoje, em declarações à Lusa, o provedor da Santa Casa da Misericórdia em Faro, Candeias Neto, explicando que a cozinha havia sido alvo de uma "desbaratização um dia antes da visita da ASAE ter encontrado algumas baratas mortas no chão" e ter dado ordem de encerramento.

"Numa casa com mais de 400 anos de existência é natural que apareçam nos esgotos problemas com baratas e por essa razão, os responsáveis fazem de tempos a tempos uma acção de limpeza de desbaratização, explicou.

Antes da ASAE ter exigido o fecho, o refeitório social servia entre "500 a 600 refeições diariamente ao almoço" compostas por sopa, segundo prato, fruta e bebida.

A alternativa provisória da Santa Casa da Misericórdia passa por servir as refeições no infantário daquela instituição, localizado junto ao Refúgio Aboim Ascensão, que apenas está habilitado a servir 80 refeições, mas que nos últimos dias serve mais de 600 almoços.

Segundo Candeias Neto, a Santa Casa está a "realizar com urgência as alterações exigidas pela ASAE", nomeadamente no chão e paredes, para até ao "final do mês de Setembro as obras terminaram".

O provedor da Misericórdia de Faro, que é simultaneamente o representante da União das Misericórdias no Algarve, lamenta ainda que a autarquia de Faro demore oito meses a autorizar a realização de uma obra de melhoria do telhado da ala sul da Santa Casa e refere que se "chover muito corre-se o risco de o telhado desabar antes da autorização da autarquia".

CCM.Lusa/Fum

sábado, 5 de setembro de 2009

Democracia, segundo Mário Soares.

Ler "Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido", de Rui Mateus, – fundador e ex-responsável pelas relações internacionais do PS, até 1986 – faz-nos perceber como é diferente a justiça em Portugal e noutros países da Europa.

Escrito em 1996, este livro é um retrato da personalidade de Mário Soares, antes e depois do 25 de Abril. Com laivos de ajuste de contas entre o autor e demais protagonistas socialistas, são abordados, entre outros assuntos, as dinâmicas de apoio internacional ao Partido Socialista e, em particular, a Soares, vindos de países como os EUA, Suécia, Itália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Líbia, Noruega, Áustria ou Espanha.

Soares é descrito como alguém que «tinha uma poderosa rede de influências sobre o aparelho de Estado através da colocação de amigos fiéis em postos-chaves, escolhidos não tanto pela competência mas porque podem permitir a Soares controlar aquilo que ele, efectivamente, nunca descentralizará – o poder» (pp.151-152); «para ele, o Partido Socialista não era um instrumento de transformação do País baseado num ideal generoso, mas sim uma máquina de promoção pessoal» (p.229); e como detendo «duas faces: a do Mário Soares afável, solidário e generoso e a outra, a do arrogante, egocêntrico e autoritário» (p.237).

A teia montada em torno de Soares, com um cunhado como tesoureiro do partido, e as lutas internas fratricidas entre novos/velhos militantes (Zenha, Sampaio, Guterres, Cravinho, Arons de Carvalho, etc), que constantemente ameaçavam a primazia e o protagonismo a Soares, são descritos com minúcia em /Contos Proibidos/.

Grande parte dos líderes da rede socialista internacional – uma poderosa rede de “entreajuda” europeia que, em boa verdade, só começou a render ao PS depois dos EUA, sobretudo com Carlucci, terem dado o passo decisivo de auxílio a Portugal – foi mais tarde levada à barra dos tribunais e muitos deles condenados, como Bettino Craxi de Itália, envolvidos em escândalos, como Willy Brandt, da Alemanha, ou assassinados como o sueco Olaf Palme.

Seria interessante todos lermos este livro. Relê-lo já será difícil, a não ser que alguém possua esta raridade. O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição) e de Rui Mateus pouco ou nada se sabe.

Para descarregar a obra (50 megabytes, aprox), basta clicar com o rato sobre a hiper-referência que menciona o título. AF

Fonte: http://ferrao.org/

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Dossiê Sócrates

Já saiu o livro acerca da licenciatura do primeiro ministro de Portugal. Disponível em edição electrónica, gratuita, ou em papel.

Leitura recomendável especialmente a quem ainda não tenha encontrado contra quem é que deve votar nas eleições que se aproximam.

Em edição do Autor, teve que ser publicado no estrangeiro porque a nossa democracia ainda não chegou à liberdade para apuramento dos factos acerca do primeiro ministro.

Num governo que encerra a universidade que licenciou o primeiro ministro, sem se sentir obrigado a dar uma justificação ao país.

Os mais sinceros parabéns ao corajoso Autor, o nosso amigo e animador do PortugalProfundo, a quem aproveito para endereçar o maior reconhecimento e admiração pela iniciativa.

Fonte: http://ferrao.org/

O Voto.

Este post que transcrevo na integra, foi colocado AQUI, em 18 de Dezembro, de 2008.
Está actual e serve sobretudo, para reflectir-mos. Obrigado ao KAOS.


"Um anónimo deixou esta história na caixa de comentários de um post anterior.

Este país (dos aeroportos, TGV´s, Luso Pontes e contentores, BPN´s e BPP´s, Felgueiras, Torres, Sá Fernandes e Loureiros, magalhães e popós-eléctricos, Casa Pia (poucos dentro e muitos fora), velhinhas e freiras a serem presas por pequenos delitos enquanto os verdadeiros criminosos são mandados para casa, idosos a morrerem de fome em tugúrios a cair enquanto se distribui apartamentos e dinheiro a rodos por traficantes, drogados e por quem nunca quis e não quer trabalhar, Saúde, Justiça e Educação com os maiores orçamentos da Europa com os resultados que todos sabemos, EDP´s com lucros fabulosos mas que o regulador diz que as tarifas deviam aumentar 30%, Galp´s cujos preços sobem com o aumento do crude mas que quando o mesmo desce o regulador afirma que os preços não baixam porque o que interessa é o preço do produto refinado, BdP´s que a única coisa que vigiam são as suas reformas douradas, etc., etc.,) começa a exalar um fedor superior ao que se sentia nos últimos anos do chamado Estado Novo... Para a queda do anterior regímen dei algum contributo, pequeno certamente, mas era o que estava ao meu alcance. Agora que sinto que o actual, de tão podre, com um pequeno empurrão pode ser obrigado a regenerar-se, apetecia-me também fazer alguma coisa. O quê, não sabia, mas, há uns dias ao ler num blog que o autor sonhava em promover um “golpe-de-estado”, só que para além do medo que tinha da ASAE não sabia como, deu-me o alento de que necessitava. - Golpe-de-estado, logo armas; armas? Armas? Oh diabo, não tenho! Lembrei-me então de que em tempos muito distantes tinha possuído uma fisga; vai daí, corri para o sótão e comecei e remexer os baús velhos; depois de muito lixo e memórias já esquecidas, voilá, a fisga! Já estava armado! No entanto a felicidade que me possuiu, cedo de esfumou; soprado o pó, estico as borrachas e, paf!, de ressequidas, partiram! Desilusão, amargura: estava desarmado novamente... Infeliz, passei dias a tentar encontrar uma solução; pensei, pensei e nada. (Eu sei que devido à vida desregrada que levo, nada condicente com a via para o admirável mundo novo que está em curso, já muitos neurónios fundiram; tal não é de estranhar dado que eu fumo, delicio-me com um bom cognac, bebo vinho às refeições e barro o pão com manteiga, devoro queijos da Serra, Serpa e Azeitão, adoro presunto de Chaves e bons enchidos alentejanos, prefiro cerveja a bebidas light , bebo água sem sabores e, heresia das heresias, não fumo charros nem me drogo e não arranco de empurrão. Perdoem-me, tentem compreender este pobre decadente, que eu prometo ficar longe dos vossos filhos.) Mas voltando à vaca fria; armas, onde as encontrar? Atentos ao meu desespero (ou se calhar para se verem livres de mim) alguns amigos disseram: - “Eh pá, se queres uma arma vai a uma dessas Quintas das Fontes ou Bairros das Boavistas, que é coisa que lá não falta.” Felicíssimo, agradecido pela ajuda, comecei a planear a incursão; sim, não se vai a um sítio daqueles sem preparação. Lembrei-me que há uns tempos atrás, algumas figuras de vulto desta praça, por lá tinham feito uma passeata e tinham regressado vivos e com todos os bens, coisa que nem sempre acontece a outros cidadãos, táxis ou até à polícia. Depois de alguma pesquisa encontrei a solução. Assim, com uma t-shirt branca na qual tinha pintados dizeres como peace, love, somos todos iguais, black is beautiful (pelo sim pelo não acrescentei também gitanes are very good, too), cravo vermelho na mão, sorriso parvo na cara (tipo António Costa) e assobiando o último rap, destemido por fora mas receoso por dentro, para as ditas Quintas eu fui. Lá chegado, apesar de estar fardado à maneira, cedo pressenti que algo não estava a correr bem; mimoseado com alguns piropos não muito abonatórios da minha pessoa bem assim como de algumas sugestões do uso que gostariam de fazer de algumas aberturas do meu corpo, apercebi-me então que, levado pelo meu entusiasmo, tinha cometido um erro grave: faltava-me o apoio. As pessoas gradas e importantes, quando visitam aqueles locais, vão às manadas e com um batalhão de repórteres atrás (aliás só lá vão para aparecer nas TVs e debitar coisas que nem eles acreditam). Eu estava sozinho, nem uma pequenina Kodak apontada para mim, e a ameaça de passarem das palavras aos actos ia crescendo, sem que ninguém levasse em conta o valor das mensagens que eu orgulhosamente ostentava no peito; com o temor quase pânico, comecei a pensar que isto de querer fazer uma revolução tinha os seus perigos! Quase já acossado, apavorado, corri para um sítio onde a concentração de BMW e Mercedes topo de gama era maior e junta à qual estava um grupo de nativos que me pareceu ser menos perigoso, gritando: - “Meus, mim querer comprar arma!” (não domino muito bem a língua local) Iniciadas as negociações rapidamente chegámos ao ponto de ajustar a mercadoria que eles podiam disponibilizar (a oferta ia desde mísseis, passando por shot-guns até à singela ponta-e-mola) à minha disponibilidade financeira; na altura, dado que entidades menos bem comportadas têm tido direito a toda a espécie de subsídios, telefonei ao Teixeira dos Santos, mas, não tendo sido bem sucedido (ele disse-me que os pobrezinhos do BPP lhe tinham levado os últimos tostões), acertámos a compra de uma pequena pistola; enfim, rejubilei, o primeiro passo em direcção ao derrube do poder estava dado! Antes de pedir o salvo-conduto para me poder retirar sem problemas, ao inspeccionar o trabuco que tinha acabado de comprar, constatei que o mesmo não tinha munições: “Oh meus, o que é isto?” Depois de me explicarem que eu só tinha pedido por uma arma, lá reiniciámos as negociações para que eu pudesse adquirir algumas balas; ao pretender obter pelo menos um carregador cheio, começaram as dificuldades. Interrogatório cerrado, todos ao mesmo tempo, gritando: “Para que é que queres tanta munição? Quantos são os membros do teu agregado familiar (incluindo a sogra)? Quantos inimigos tens (excluindo os membros do Governo, oposição e toda a classe política)? Queres fazer-nos concorrência?” Com muito esforço, depois de muito esbracejar para os tentar calar, lá consegui fazer-me ouvir: “Meus, é para dar início a um golpe-de-estado”! Ao ouvirem tal, o silêncio que se seguiu gelou toda a Quinta e arredores, parecendo que o tempo tinha parado e a terra deixado de rodar; as faces deles empalideceram para rapidamente enrubescerem (na realidade não vi, mas suponho que foi isto que se passou por debaixo da pele); empertigaram-se, fuzilaram-me com os olhos, e o maior deles, qual Adamastor, vociferou: “Ó desgraçado, escória humana, ser abjecto (as palavras não foram bem estas, foi mais para o vernáculo), tu queres destruir este paraíso?” Eu minguei, encolhi, as cuecas ficaram um bocadinho húmidas; com voz trémula, tentei argumentar, falar dos escândalos, das esperanças desiludidas, bláblá, bláblá, mas quando pronunciei as palavras socialismo e revolução o rugido que se fez ouvir, quase me siderou: “Ó filho de uma mula sem cabeça (apercebi-me logo que era comigo, não com o inginheiro) então tu não vês que a revolução já está em marcha, que o socialismo está na sua máxima pujança? Olha à volta, burro capado, vês os carros, vês as caixas de multibanco arrombadas, vê as jóias que tenho ao peito, vai ver ao plasmas que tenho em casa, tudo gamado aos ricos para benefício dos pobres; se isto não é socialismo, se isto não é redistribuição da riqueza o que é então?” Ia abrir a boca para falar, mas atendendo ao desenrolar dos acontecimentos, achei por bem ficar calado; aliás ele nem deixou, agora mais calmo, continuou a arengar: “Ó filho de um cachorro que até a sarna despreza, és um ignorante que não mereces a classe política que tens! Tu não entendes nada! Porque é que julgas, por exemplo, que se alterou o código penal? Hã, hã, diz lá?” “Por razões economicist...”, pretendi retorquir... “Piolho coxo das partes íntimas, nada disso! Incapazes da implantação do socialismo por causa das forças capitalistas do bloqueio (desconfio que este tipo esteve nalgum congresso do PCP ou BE) a nobre classe política decidiu delegar em nós a tarefa da socialização de Portugal! Para que a revolução avance, não podemos ser presos, temos que estar livres! Roubando eles por um lado, nós por outro, somos o garante de uma futura sociedade igualitária sem classes! Parecendo-me que as águas estavam mais calmas, menos encolhido, mais húmido, baixinho, atrevi-me: “Mas eles não redistribuem; eles comem tudo e não sobra nada.” “O quê?”, gritou o matulão... mas ficando logo de seguida pensativo. “Agora vou ter que pensar sobre isso; dá cá a pistola e desaparece daqui, rato de esgoto com hemorróidas (era comigo, não com Jaime Gama).” Sem dinheiro, sem pistola, com as cuecas em estado lastimoso, apressei-me a obedecer. Chegado a casa, olhando-me ao espelho, disse para os meus botões (que por acaso era um fecho eclair): “Falhado, como queres iniciar um golpe-de-estado se nem uma arma consegues adquirir”; juro, algumas lágrimas debitei. Depois das necessárias abluções, retemperadas as forças, sentei-me em frente ao LCD (é menos tentador para os agentes da socialização do que o plasma) para pensar; como para pensar preciso de estímulos inteligentes, liguei nas novelas da TVI (o canal 2 ou os Contemporâneos também me ajudam). A palavra armas não me saía da cabeça; como conseguir uma... Num dos intervalos das novelas, ao correr canais, deparo-me com um programa a preto e branco no qual um gadelhudo cabeludo, fardado à militar bêbado, exclamava: o voto é a arma do povo! Qual Arquimedes, mesmo não estando no banho, gritei: Eureka! Aqui estava o que me faltava para poder levar os meus desígnios em frente: O VOTO! O voto... mas se o voto é uma arma, como é que a mesma funciona? A minha cabeça fervilha, as orelhas já fumegam, os dentes já me doem de tanto ranger... Como é que aquilo é uma arma? Não sendo praticante há mais de duas dezenas de anos, a recordação que eu tenho do Voto, é que o mesmo é um pedacinho de papel com uns bonequinhos e quadradinhos impressos no qual é suposto pormos uma cruzinha e depois enterrá-lo numa urna; como não me lembrava de nenhuma guerra, intentona ou agressão com utilização de votos, fui fazer pesquisas nas enciclopédias e até na net ; nada! Virei-me então para aqueles amigos que não falham uma votação e pedi-lhe que esclarecessem! Eles lá tentaram, mas eu não percebi nada; contaram-me eles que ao votar em determinada força politica em detrimentos de outras, estavam a apoiar quem mais prometia ajudá-los sendo assim o voto como que uma arma, pois que atirava os oponentes para uma espécie de limbo. Confuso, perguntei: “assim sendo, e tendo os portugueses disparado o voto em todas as direcções por mais de 34 anos como é que estamos todos pior de vida com excepção das classes ditas dirigentes e parasitas que os gravitam?” Como ninguém me respondeu, lá voltei eu para o meu sofá e telenovelas; triste, acabrunhado, pois que aquilo que eu pensava pudesse ser a minha última tábua de salvação, mesmo que fosse uma arma parecia disparar na direcção errada. Milhares de horas depois, muitas lágrimas vertidas assistindo aos dramalhões, insidiosamente, uma ideia começou a germinar; durante as minhas recentes pesquisas sobre o voto reparei que os partidos em que poucas pessoas votavam tinham tendência para desaparecer e com eles os políticos que lá se acolhiam; algumas vezes, para sobreviverem iam pedir asilo a outros mais votados; logo, esperto, cabecinha pensadora, concluí: Político alimenta-se de voto! E político privado de voto fenece e já não tem força para comer mais nada! Aleluia, os sinos já repicam, tinha a arma que me faltava: a abstenção ou o voto em branco! Estou convicto que com uma abstenção elevada e/ou um número significativo de votos em branco alguém vai mandar parar o baile e exigir que as cartas sejam dadas de novo; eu sei, já os estou a ouvir, é uma acção perigosa para a democracia (há maior perigo do que o estado a que ela chegou? Até a vergonha já se perdeu)! Alternativa? Olho, procuro, e só vejo as mesmas caras, com os mesmos vícios e desprezo pelo chamado povo; certamente há, mas as barrigas inchadas, as ancas mais gordas e os cada vez mais recheados sacos das benesses e contas bancárias não deixam ninguém chegar à frente. Então porque não iniciar uma campanha, junto dos amigos e conhecidos, apelando à abstenção ou voto em branco? A ser bem sucedida talvez algumas fendas se abram e gente honesta e com vontade de servir, e não de se servir, possa aparecer. Se nós, vítimas do voto nada fizermos, nada vai mudar!
Ainda hoje li no blog "O Libertário" a frase de Errico Malatesta “Foi o sufrágio universal que fez com que um certo socialismo encontrasse a oportunidade de se situar no terreno parlamentar e de se corromper e de se aburguesar”. Eu já votei em Branco mais que uma vez, numa tentativa de fazer o voto de protesto que deslocar-me à secção de voto e votar branco devia representar. Surpresa minha, esse voto de protesto é anunciado como “Brancos e nulos”. É misturado com aqueles que se enganaram, que não acertaram com a cruz no quadrado. Que fazer então com o meu voto? Só ir colocá-lo na urna nada resolve. Assim, só me resta uma solução, ir procurar e juntar-me a outros que passem pelo mesmo que eu. Procurar outros a quem a exposição diária à televisão ainda não tirou a lucidez de pelo menos questionar o que nos é impingido pela comunicação social, a voz de todos os poderes. Se não vemos nenhuma alternativa temos de a ir procurar. Ainda há gente honesta por aí e, teimosa suficiente, para assim se manter. Quem sabe um dia a anarquia seja, não um meio para atingir um fim, mas o próprio fim a atingir."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O problema de Sócrates

Pedro Rolo Duarte, escreveu no dia 2 de Setembro , no seu blog: http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt/:

"O problema de José Sócrates está em pessoas como eu. Pessoas que votaram PS porque acreditaram nele. Como eu votei. Pessoas com votos diversos ao longo dos anos, que foram acreditando nas propostas deste ou daquele candidato. Convictamente. E que ao longo destes quatro anos assistiram ao esboroar diário e consecutivo desse crédito e dessa convicção. Pessoas que sentiram – eu senti – o golpe na liberdade de informação que permite à oposição falar em “medo” e “asfixia”. Pessoas que viram a arrogância e a prepotência tomarem o lugar da tolerância e do diálogo. Pessoas que viram o PS governar contra tudo e contra todos, e sentiram que perpetuar o poder era na verdade o Programa de Governo.

Essas pessoas – lá está, das quais faço parte – não acreditam agora na voz repentinamente mansa de Sócrates quando diz que se calhar não foi “delicado” com os professores, ou quando devolve o Freeport à origem, ou mesmo quando fala do orgulho no país das energias alternativas. É um pouco como ver o meu antigo director Paulo Portas a conversar com as peixeiras em Benfica: passa bem na imagem, mas não passa de uma imagem.

Eu olho para José Sócrates – em quem acreditei e votei – e sinto-me desiludido e desencantado. O problema dele são pessoas como eu. Que provavelmente vão votar em branco.

Acima de tudo, e pior: pessoas que deram mais um passo no sentido desse abismo que é a desconfiança generalizada sobre quem se propõe governar Portugal. Sejam quem forem – e isso está muito para lá do PS que está."

Naturalmente, eu subscrevo.

Imagem copiada de :http://dondiogo.bloguepessoal.com/

A Liberdade, segundo o PS de Sócrates...

Segundo notícia avançada pelo "Jornal de Negócios", o gabinete de José Sócrates é acusado de ameaçar gestor do PSD.
A denúncia é feita pelo advogado Jorge Bleck ao "Jornal de Negócios", que refere que “houve abordagens do gabinete de Sócrates para que Alexandre Relvas "medisse bem o que dizer" no seu discurso de apresentação como presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, no Outono do ano passado.

A informação foi desmentida ao próprio jornal por fontes do gabinete do primeiro-ministro, enquanto Alexandre Relvas, também presidente da empresa Logoplaste, ainda não confirmou nem desmentiu a acusação.

Segundo a denúncia do conhecido advogado de Lisboa, e citando o jornal, “essas pessoas próximas do primeiro-ministro disseram-lhe que convinha ser moderado”, lembrando a ligação da Logoplaste à REN, refere o Jornal.

Jorge Bleck defende, em declarações ao mesmo jornal, que “os agentes económicos não são livres porque, se opinam num determinado sentido, o negócio não vem”, considerando que, na origem desse facto, está o “excessivo peso do Estado na economia”.

Por Rosa Soares ,no Publico - Foto no: wehavekaoesinthegarden.blogspot.com

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Bye Bye, Sócrates....

Na campanha, José Sócrates não vai lutar por valores ou políticas, mas pela sua sobrevivência.

Poderá José Sócrates sobreviver a uma derrota eleitoral no dia 27 de Setembro? Pelo que vamos sabendo das sondagens, e lembrando os resultados das europeias, parece que toda a gente espera que o PS perca muitos votos e a maioria absoluta. Mas, qual será a dimensão da perda? Isso, é óbvio, ninguém sabe. No entanto, podemos colocar alguns cenários.

No primeiro deles, admitamos que o PS fica à frente do PSD, e com uma percentagem superior a 35 por cento. Será que Sócrates pode ficar? Talvez. Apesar de tudo, não é uma derrota demasiado humilhante. Poderá tentar governar em minoria, fazendo acordos parlamentares aqui ou ali, à esquerda e à direita, conforme os assuntos e a gravidade deles. É evidente que a situação se complica. Contudo, acima dos 35 por cento, ainda há alguma margem para Sócrates.

O caso muda de figura caso o PS baixe mais do que isso. Mesmo se ficar à frente do PSD, mas apenas com 31 ou 32 por cento, a fragilidade da situação agudiza-se. A perda será muito pronunciada, e a ala esquerda do PS poderá dizer, com razão, que Sócrates governou demasiado ‘à direita’ e por isso perdeu um número colossal de votos. Assim sendo, nada impede Alegre ou Ferro de se constituírem como alternativa, propondo uma coligação governamental que inclua o Bloco de Esquerda, ou o PCP, ou os dois ao mesmo tempo. A ‘frente de esquerda’ terá certamente o apoio de Soares, e grande parte dos socialistas sentirão que é melhor ficar no poder aliado à esquerda do que voltar a virar-se para a direita, procurando acordos com o PSD ou, pior ainda, com o PP.

Neste cenário, a dificuldade de Sócrates será imensa. É evidente que ele não é o homem indicado para chefiar um governo da ‘esquerda unida’, e o máximo que poderia tentar oferecer ao PS era um improvável Bloco Central com o PSD. Ora, entre escolher o caminho à direita, que levou à derrota, ou experimentar um novo caminho à esquerda, acredito que grande parte do PS prefira esta segunda opção. O que significa, é evidente, o fim de Sócrates e a sua saída de cena.

O mesmo se passará no caso de o PS ser ultrapassado pelo PSD em votos. Um líder que tinha maioria absoluta e a perdeu, e ao mesmo tempo deixa de ser o partido mais votado, é um líder acabado.

Daqui se conclui pois que a carreira política de Sócrates está em momento de alto risco. Para ele, tudo pode acabar no dia 27. Na campanha, não irá lutar por valores ou políticas, mas pela sua sobrevivência.

Por:Domingos Amaral, Director da 'GQ' - No CM
Imagem do :http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Minha Homenagem, a uma figura lendária, do Touromaquia Portuguesa

O cavaleiro D. José João de Queirós Morais Zoio foi encontrado morto em sua casa ao final da tarde de ontem, dia 31 de Agosto, segunda-feira - a triste notícia, que enluta o meio taurino, foi dada pelo site "Sol e Sombra", do jornalista João Silva, há poucos momentos.

De 60 anos, nascido em Almada a 1 de Outubro de 1950, estreou-se nas arenas em 1968 na praça da Nazaré (onde foi homenageado pela empresa "Aplaudir"/Tavares da Silva no passado dia 8) e prestou provas para cavaleiro praticante em Junho de 1972, tomando a alternativa no Campo Pequeno em 27 de Maio de 1973, apadrinhado por Mestre João Núncio na corrida em que o Califa comemorou 50 anos de alternativa.

Embora curta, teve uma carreira gloriosa, travada quando menos se esperava e quando era ainda muito cedo, devido a uma queda em Alcochete que lhe provocou uma lesão na coluna. Mesmo assim, em 1991 fez uma temporada, apoderado por Ferreira Paulo (Cachapim) e despediu-se em definitivo com uma corrida marcante em Lisboa, na mesma noite em que o seu bandarilheiro de sempre e que fora seu último apoderado, António Badajoz, cortou a coleta - arena onde regressou no passado dia 23 de Julho, novamente vestido de toureiro, para participar nas cortesias e ser testemunha de honra, juntamente com Luis Miguel da Veiga e Frederico Cunha, da alternativa de Duarte Pinto (filho de Emídio Pinto, seu grande amigo).

São ainda desconhecidas as causas da morte. As primeiras notícias dão conta de que o famoso cavaleiro foi ontem encontrado sem vida em sua casa, na Praia das Maçãs e de que a Família se encontra ausente. José João Zoio faria 61 anos no próximo dia 1 de Outubro.

Filho de D. José Joaquim de Morais Zoio (Conde de Pavullo) e Dª Vitorina Marques de Queirós, era casado com Dª Maria Margarida Crato de Castro e pai de três filhos, Bernardo, Duarte e Verónica.

Recordando,Ted Kennedy, por Lucas Mendes.

Dos quatro irmãos Kennedy, Ted , o príncipe da dinastia e o leão do Senado, foi campeão em política, alcoolismo e promiscuidade. Incorruptível na vida pública, tresloucado na privada.

Por causa de uma mulher, Mary Jo Kopechne, Ted nunca chegou á Presidência. Levou Joan, mãe dos seus filhos, ao alcoolismo, mas, aos 60 anos, foi salvo e domado pela leoa Vicky.

As loucuras do "caçula" do mais famoso clã político dos Estados Unidos apareceram cedo. Passou por dez escolas primárias americanas e inglesas antes dos 11 anos. A família vivia em trânsito. Quando, graças ao seu nome de familia, entrou em Harvard, ficou por lá, pouco tempo.

Pediu a um colega para fazer a prova dele de espanhol. Foi descoberto e expulso da universidade.

Era tempo de guerra na Coreia e o serviço militar americano, obrigatório. Ted alistou-se no Exército. Graças à influência do pai, foi servir e "curtir", a boémia de Paris, no QG da OTAN. Dois anos de farda, vinho, mulheres e música.

Quando regresou aos USA, resolveu entrara no bom caminho. Voltou a matricular-se em Harvard, fez Direito na universidade de Virgínia, foi bom aluno, e brilhou em debates.

Impossível dizer o que teria feito Ted Kennedy se os três irmãos mais velhos não tivessem morrido. O mais velho, Joe, favorito do pai, morreu num bombardeio na Segunda Guerra. As vidas políticas de John e Bob foram curtas e só podem ser medidas em possibilidades, mas a de Ted Kennedy tem um currículo de 46 anos.

Quando John Kennedy foi candidato à Presidência deram a Ted um papel menor, mas ele entregou-se de corpo e alma, viciou-se, e há só mais dois políticos que serviram mais tempo do que ele no Senado americano. Passou por dez presidentes e nenhum deles deixou mais impressões digitais nas mudanças do país do que o senador Ted Kennedy. Todas as leis sociais desde o fim da década de 60 tem as marcas dele. São mais de 2.500.

No senado rugia , na vida pessoal prevaricava.

Joan, a primeira mulher, não conseguiu conter os impulsos etílicos e mulherengos do marido nem enquadrar-se no estilo dos Kennedys: queriam que vivesse em constante actividade desportiva, social e com uma gravidez em cima da outra, como Ethel, mulher de Bob Kennedy.

Joan teve vários abortos, mas o alcoolismo só tomou conta dela depois da tragédia de Chappaquiddick, quando o carro dirigido pelo marido caiu de uma ponte. Ted Kennedy sobreviveu e desapareceu durante dez horas. A companheira, Mary Jo, ex-assessora do irmão Bob, morreu afogada, e, com ela, as possibilidades presidenciais de Ted Kennedy.

Durante anos de cobertura política vi o senador em acção várias vezes nas convenções do partido e outros eventos, mas meu primeiro contacto foi no escritório dele no Senado, em 69, pouco antes da tragédia, quando recebeu nosso pequeno grupo de bolsistas .

O mais bonito dos irmãos, um touro de forte, com vozeirão de locutor, sorriso frouxo e debochado. Política externa não era o forte dele. Sabia pouco sobre o Brasil, mas descobriria alguns dos nossos encantos em farras na Flórida com gente das melhores famílias brasileiras.

Foi activo contra a ditadura no Chile, o Apartheid na África do Sul e a guerra do Vietname, mas o seu principal cenário de acção era o doméstico.

Prevaricador na vida pessoal, modelo de legislador no Senado. Noventa e nove dos cem senadores disseram que ele era o mais eficiente dos legisladores. Sabia o que falava, tinha o melhor staff, transitava entre republicanos e democratas, mas quase destruiu sua carreira noutro "deslizae" alcoólico, em Palm Beach, com o filho e o sobrinho William Kennedy Smith. Os jornais descreveram o senador correndo bêbado de cuecas pela praia. O sobrinho foi acusado de estupro e absolvido no julgamento, coberto ao vivo pelas redes de TV. A carreira do senador encolheu, mas resistiu.

No ano seguinte, reencontrou Vicky, mas não se lembrava dela quando trabalhou como estagiária dele, ainda universitária, no escritório no Senado. Era filha de velhos amigos da Louisiana. Aos 60 anos, o senador apaixonou-se. Ligava duas vezes por dia , levava Vicky para concertos no Centro Kennedy de Artes, pintou quadros à óleo para ela e finalmente propôs casamento depois da ópera La Boheme.

Vicky entrou na jaula do leão e mandou a maioria indesejável, para fora. Os filhos mal educados do senador receberam lições de boas maneiras, amigos que davam bebida para o marido foram afastados. O senador parou de beber.

Advogada de prestígio, fundadora e presidente de ONGs nas áreas de criança, educação e armas, Vicky hoje é sondada para assumir o lugar de Ted Kennedy no Senado, mas há impedimentos legais, ironicamente criados pelo próprio partido democrata de Massachussets. Ela diz que não está interessada.

Ted Kennedy dizia que seu melhor voto no senado foi contra a invasão do Iraque, mas a principal causa política dele foi a reforma na Saúde. Queria um sistema público, no estilo europeu, semelhante ao proposto por Obama e furiosamente combatido pela direita, seguradoras, médicos e hospitais.

Devido ás coligações que existem no Senado, é possível que a causa seja decidida por um voto, e o senador - nem a mulher - estará lá para decidir a votação.

Por: Lucas Mendes Campos (Belo Horizonte, 1944) é um jornalista e apresentador de televisão brasileiro. Presentemente na BBC Brasil